Movimentos sociais deixam Incra em Salvador e continuam pressão no governo
Por Wesley Lima, Romilson Souza e Roque Reis
Da Página do MST
Após onze dias acampados na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), cerca de dois mil trabalhadores ligados ao MST, Movimento dos Desempregados (MTD), Movimento de Trabalhadores Acampados e Assentados (CETA) e Pastoral Rural, desocuparam o órgão público.
Ao longo da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, diversos Incras foram ocupados em vários estados no intuito de cobrar agilidade do governo federal no processo de Reforma Agrária no Brasil.
Por meio das ocupações a nível nacional, os Movimentos Sociais conquistaram a liberação de 100 milhões de reais. Para o estado baiano será designado 20 milhões de reais, que de acordo aos movimentos sociais envolvidos na ocupação, não é o suficiente para suprir as necessidades das áreas de Reforma Agrária existentes na Bahia.
A superintendência do Incra na Bahia teve uma reunião com o presidente nacional do Incra, Celso Lacerda. Nesta reunião foram discutidos pontos visando as áreas de assentamentos e acampamentos. Neste caso, houve um acordo em liberar recursos para a desapropriação de terras, obras e créditos nos assentamentos do semi-árido.
De acordo com Marcos Neres, superintendente do Incra da Bahia, “este é um compromisso assumido por nós. Trabalharemos para que todas as ações voltadas as áreas de Reforma Agrária sejam realizadas e que 2012 seja melhor que 2011”.
Para Marcio Matos, da coordenação do MST, “a prioridade do Incra deve ser desapropriar terra para as famílias acampadas. Nossas negociações foram longas mas conseguimos avanços. A luta é o único instrumento para conseguirmos a vitória. A luta não para”.
Nólia Oliveira, uma das Coordenadoras do CETA, destacou a importância da unidade entre os movimentos sociais na luta. “É importante que os movimentos lutem juntos. As nossas ações foram ótimas e mostramos que não viemos brincar.”
Um espaço para o estudo
Durante a ocupação, foram realizadas diversas oficinas aos trabalhadores rurais, com a finalidade de criar um espaço de troca de aprendizagem. Isso porque além de reivindicarem aos órgãos públicos conquistas concretas, os movimentos sociais também acreditam que o estudo é essencial para a luta da classe trabalhadora.
Para a realização das oficinas houve a contribuição voluntária de algumas entidades que apóiam a luta dos movimentos, como o movimento estudantil, professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), professores e alunos do Instituto de Pesquisa Geografar, entre outros.
Temas como o trabalho escravo no campo, saúde, educação, esporte e lazer,cultura, gênero, fizeram parte das discussões nas oficinas, ao fazerem referência, de alguma maneira, a realidade do trabalhador rural.
Paralelamente, educadores organizaram a Ciranda Infantil, espaço onde as crianças podiam participar de brincadeiras educativas, contribuindo com o processo de formação durante o período de ocupação.
As horas de lazer tampouco foram deixadas de lado. Elas cumpriam um papel fundamental para que os trabalhadores ganhassem força durante o processo de luta. Por exemplo, houve o Cinema da Terra que trouxe filmes que fazem referência ao camponês, e noites culturais, nas quais os próprios camponeses animaram a noite ao cantarem músicas populares, como samba de roda, MPB e forró pé de serra.
(Fotos: Wesley Lima)