Sem Terra sofrem ameaças em fazenda do prefeito de Campo Grande em Alagoas



Por Rafael Soriano
Da Página do MST


Após nove anos acampados nas fazendas Faceira e Angico, de propriedade do Prefeito de Campo Grande, Antônio Higino Lessa (PTB), em Traipu-AL (a 188km de Maceió), integrantes do MST receberam ameaças de morte. Segundo trabalhadores do assentamento Jacobina, três homens de moto entraram no assentamento, onde vivem militantes e lideranças do MST na região, perguntando por algumas pessoas.

Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Após nove anos acampados nas fazendas Faceira e Angico, de propriedade do Prefeito de Campo Grande, Antônio Higino Lessa (PTB), em Traipu-AL (a 188km de Maceió), integrantes do MST receberam ameaças de morte. Segundo trabalhadores do assentamento Jacobina, três homens de moto entraram no assentamento, onde vivem militantes e lideranças do MST na região, perguntando por algumas pessoas.

Com a recusa dos moradores de dizerem os nomes do paradeiro das lideranças, os jagunços reagiram. “Disseram palavrões e que voltariam, e falaram que de nós queriam somente a cabeça”, conta um morador.

Há nove anos, as fazendas Angico e Faceira foram ocupadas pela primeira vez pelo MST e desde que o mandatário da cidade vizinha comprou as terras, tem se intensificado o número de ameaças e a pressão para que os Sem Terra desocupem o local.

“Alguns gestores públicos só enxergam os trabalhadores rurais nessas ocasiões. Aquele que deveria estar a serviço do povo, hoje se posiciona claramente contra. Abusando do poder para ir de encontro aos direitos dos trabalhadores”, alerta a Direção Estadual do Movimento.

Mesmo com as constantes ameaças, os acampados vão continuar na área, resistindo e fazendo frente ao abuso de autoridade do prefeito. Os dirigentes ameaçados foram indicados a fazer um Boletim de Ocorrência.

Histórico de violência

A situação não é nova: em abril, durante a semana em que todo estado estava em luta na passagem do dia 17 de abril (marco do Massacre de Eldorado dos Carajás), o próprio Antônio Higino Lessa (PTB), prefeito de Campo Grande, esteve nos acampamentos Angico e Faceira tentando corromper lideranças em seu favor. Ele mesmo, o mandatário, anunciou que voltaria com máquinas para retirar os trabalhadores.

Lançado recentemente, o Caderno de Conflitos no Campo 2011, criado e mantido como publicação anual pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), indica um crescimento dos conflitos no campo brasileiro e alagoano.

No país, os conflitos passaram de 1.186 para 1.363, registrando um aumento de 15% no total em comparação a 2010. As pessoas envolvidas passaram de 559.400, em 2010, para 600.925, em 2011. Em alagoas o número foi de 33 para 47 conflitos.

Estes números revelam a face violenta do latifúndio brasileiro que, não satisfeito com a violência social, exclusão das famílias das terras cultiváveis para favelas nas cidades ou novas ilhas de pobreza rural, passam à violência direta, física, contra aqueles que ousam questionar sua autoridade.

A pistolagem é marca da dominação da elite alagoana e muitos destes coronéis se encontram protegidos por trás da institucionalidade de mandatos públicos, eletivos ou não.