Assentamento Olga Benário no Paraná comemora seus nove anos de luta


Do Blog Sitio Coletivo


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O Assentamento Olga Benário, em Santa Tereza do Oeste, vem somando conquistas e demonstrando que a potencialidade da Reforma Agrária, ao beneficiar não apenas as famílias que conquistaram a terra, mas gerando emprego e distribuição de renda que auxilia a economia da região.

O assentamento do MST, distante 15 quilômetros de Cascavel, completou nove anos neste sábado (26). A festa reuniu trabalhadores, amigos e colaboradores da Reforma Agrária na região Oeste do Paraná. O Sítio Coletivo foi um dos convidados da bela festa organizada pelos trabalhadores rurais Sem Terra.

A comemoração foi iniciada com uma celebração ecumênica e a leitura de um texto das tradicionais místicas realizadas pelo MST, rituais que se constituem em práticas pedagógicas e educativas do Movimento. Em menção a inauguração da padaria comunitária da comunidade, foi realizada a partilha simbólica do pão por dois jovens Sem Terra.


A padaria comunitária produzirá alimentos frutos da Reforma Agrária. O espaço, de 48 metros quadrados, foi construído pelos assentados e contou com doações de aliados da Reforma Agrária, como sindicatos de Cascavel, cáritas diocesanas, paróquias, prefeitura de Santa Tereza do Oeste e comerciantes do município. 

O espaço ainda necessita de acabamentos, mas já está produzindo semanalmente cerca 900 quilos de pães, cucas e bolachas. Esses produtos são entregues a 33 colégios estaduais nos municípios de Cascavel e Santa Tereza do Oeste.

Além da merenda escolar, o Assentamento Olga Benário tem a experiência do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantindo às famílias a produção diversificada de alimentos para doação a entidades assistenciais e educacionais de Santa Tereza do Oeste.

“A ideia da construção da padaria surgiu em dezembro do ano passado, e hoje estamos felizes com essa conquista para a comunidade. Teremos um local adequado para produzir os alimentos da Reforma Agrária. Pretendemos ampliar nossa produção, participar da feira municipal do pequeno agricultor e fornecer nossos produtos ao comércio local de Cascavel e Santa Tereza”, destaca a assentada Marilene Hammel, uma das 13 pessoas que trabalham na padaria comunitária.

Além da padaria, o assentamento deverá implantar ainda esse ano um viveiro comunitário para a produção de mudas de hortaliças. Com isso, também será garantido o fornecimento de água para que as famílias possam organizar suas hortas e melhorar sua produção e alimentação.

O viveiro será viabilizado por meio de um patrocínio da Eletrosul. A comunidade também projeta a construção de um barracão comunitário, um espaço para confraternização das famílias com a sociedade.

O militante Eduardo Rodrigues, um dos coordenadores do Olga Benário, destaca as conquistas obtidas pelo assentamento, mesmo diante de uma série de dificuldades. “Ao longo desses anos tivemos que enfrentar a tiraria do latifúndio, o ódio de grande parte dos meios de comunicação e muitas vezes a incompreensão da sociedade. Mas dia a dia, fomos conquistando nosso pedaço de terra e cada melhoria de vida com grande esforço e luta”, diz o Sem Terra.

Ele destaca que as conquistas só foram possíveis graças à união das famílias que lutam até hoje, empunhando a bandeira do MST, movimento que os une e que dá condições para que as conquistas sejam alcançadas. “Também gostaria de agradecer aos amigos e parceiros da reforma agrária na região, que nos acompanham nesses nove anos de luta”, concluiu Eduardo.

O compromisso de estar na contramão do agronegócio, fazendo a opção pela agroecologia como ferramenta de produção em uma terra sem veneno e agrotóxicos, faz com que os assentados do Olga Benário sigam na luta pela Reforma Agrária, levando o legado da ex-militante comunista que pregava a luta pelo que é “bom, belo e justo”.