Ato de solidariedade entre os povos latinoamericanos é realizado na Cúpula
Da Alba Comunicação
No marco da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio +20, realizou-se no Aterro do Flamengo um grande ato de solidariedade com os povos da Colômbia, Honduras, Guatemala, Venezuela, Cuba, Haiti e Paraguai, com a presença de mais de 500 pessoas.
A atividade, organizada pela Articulação Continental de Movimentos Sociais para a ALBA e Via Campesina, contou com a presença das delegações da ALBA que, depois de participar das reuniões oficiais, se juntaram aos Movimentos Sociais para discutir a problemática ambiental.
Da Alba Comunicação
No marco da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio +20, realizou-se no Aterro do Flamengo um grande ato de solidariedade com os povos da Colômbia, Honduras, Guatemala, Venezuela, Cuba, Haiti e Paraguai, com a presença de mais de 500 pessoas.
A atividade, organizada pela Articulação Continental de Movimentos Sociais para a ALBA e Via Campesina, contou com a presença das delegações da ALBA que, depois de participar das reuniões oficiais, se juntaram aos Movimentos Sociais para discutir a problemática ambiental.
O ideal de integração latinoamericana percorreu o painel durante as duas horas que durou a atividade. Na ocasião Francisco Toloza (Colômbia), Salvador Zuñiga (Honduras), Jean Baptiste Chavannes (Haiti), Pérola Alvarez (Paraguai), Rafael Gonzalez (Guatemala), Jesus Cegarra (Venezuela) e Carlos Zamora (Cuba) falaram sobre os desafios dos Movimentos Sociais em nosso continente, e as diversas lutas em curso contra o imperialismo, dando ênfase na rejeição à “economia verde” como uma não-solução aos problemas ambientais de nossas sociedades.
Francisco Toloza, da Marcha Patriótica, fez um panorama da situação dos movimentos sociais da Colômbia, em resistência ao governo neoliberal de Juan Manuel Santos. Toloza afirmou que “estamos resistindo de forma heroica à guerra do Estado. Depois de 12 anos de Plano Colômbia, o conflito social segue vigente, e o problema da paz somente resolve-se por vias políticas”. Para finalizar sua intervenção, reiterou seu apoio aos processos de mudança mais avançados que vive o continente, citando particularmente os casos de Cuba e Venezuela.
Depois foi o turno de Salvador Zuñiga, do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), quem visibilizou o desrespeito aos Direitos Humanos que ainda sofre seu país. Assim, manifestou que “o povo de Honduras, a partir de 28 de junho de 2009, vive uma situação difícil, que se caracteriza pelos assassinatos de centenas de irmãos e irmãs durante todo este tempo. E isto não para, segue. Porque o governo continuador do golpe de Estado segue com essa política de morte e repressão”. Com relação à questão socioambiental, Zuñiga citou as lutas dos Movimentos Sociais de Honduras contra o governo de Lobo e seu modelo de saque aos bens comuns, ao enfatizar que “a luta continua e não vamos permitir que nos tirem a água, não vamos permitir que nos tirem a terra, não vamos permitir que se destrua nossa pátria”.
A intervenção de Jean Baptiste Chavannes centrou-se na denúncia da ocupação estrangeira que ainda sofre Haiti, ao afirmar que “muitos países do continente ainda têm tropas em nosso país e precisamos a solidariedade de todos para que se retirem”. Depois disso agradeceu as diversas campanhas nesse sentido que vêm desenvolvendo naqueles países que enviaram soldados à ilha depois do terremoto, com o pretexto de uma “ajuda humanitária” que não se configura dessa forma – ação contrária ocorreu com os países do ALBA, que enviaram médicos e alimentos, em um apoio real e concreto ao povo hondurenho.
A situação de Paraguai também foi abordada, com a presença de Pérola Alvarez, da Coordenadoria Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (CONAMURI). Alvarez referiu-se à recente repressão aos camponeses por parte da Polícia Nacional, ao afirmar que “quando estávamos vindo para nos encontrarmos aqui, para propor nossas soluções ante a crise a que nos submete o sistema capitalista, onze de nossos colegas foram massacrados em um procedimento de despejo de terras devolutas. Nosso povo vem sofrendo este tipo de ações faz tempo. Estamos tendo um retrocesso muito grande. Mas os companheiros e companheiras que aqui estamos sentimos enormemente a solidariedade deste povo lutador da América Latina. Esta solidariedade é a ternura de nossos povos, e nós podemos dar garantia de que isto é assim”.
Rafael González, do Comitê de Unidade Camponesa da Guatemala, centrou sua intervenção contra a megamineradora e o saque que se está desenvolvendo em seu país, ao afirmar que: “os povos originários lutamos dia a dia contra as empresas multinacionais na Guatemala”. González abordou também uma demanda histórica dos Movimentos Sociais de todo o continente: a exigência de liberdade para os cinco antiterroristas cubanos que permanecem ilegalmente presos em território norte-americano.
Depois tomou a palavra Jesús Cegarra, vice-ministro de Conservação Ambiental da Venezuela. Após fazer outra menção ao caso dos cinco cubanos, exigindo a Obama sua liberdade sem condicionantes, ele destacou que “o compromisso profundo da Revolução Bolivariana com os Movimentos Sociais se ratifica aqui, com em este tipo de evento”. Sobre a problemática ambiental, Cegarra recusou o conceito de economia verde e as falsas soluções que ele propõe, finalizando com a afirmação de que “o socialismo do Século XXI é o ecosocialismo”.
Para o fechamento do painel, Carlos Zamora, embaixador de Cuba no Brasil, agradeceu aos componentes da mesa a ênfase dada à luta pela liberdade dos cinco. Zamora interveio com sobre a questão ambiental, lembrando a Eco 92: “como disse Fidel há 20 anos neste mesmo lugar: hoje convocamos a uma luta que é de todos, pela existência da humanidade. Esta é nossa batalha pelo futuro da humanidade”.
Depois da intervenção de Zamora, os presentes foram retirando-se pouco a pouco, com a certeza de ter realizado um importante ato de solidariedade com os povos latinoamericanos. A atividade, uma das maiores realizadas até o momento na Cúpula dos Povos, mostra a importância da unidade dos povos de nossa América para encontrar verdadeiras soluções àsproblemáticas socioambientais frente às discussões que se estão se dando na Rio+20.