MMC: Pronaf Mulher não atende necessidades das camponesas
Por José Coutinho Jr
Da Página do MST
A linha de crédito Pronaf Mulher, que faz parte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, não atende as necessidade das mulheres, porque está atrelado à família e não financia a agroecologia.
Essa é a avaliação de Adriana Mezardi, dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Para ela, o governo precisa desenvolver políticas públicas que garantam a soberania alimentar.
Por José Coutinho Jr
Da Página do MST
A linha de crédito Pronaf Mulher, que faz parte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, não atende as necessidade das mulheres, porque está atrelado à família e não financia a agroecologia.
Essa é a avaliação de Adriana Mezardi, dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Para ela, o governo precisa desenvolver políticas públicas que garantam a soberania alimentar.
“Temos que nos organizar mais e lutar pelos direitos das mulheres e da classe trabalhadora. A Via Campesina faz organização de base, formações e lutas das mulheres”, aposta.
Abaixo, leia a íntegra da entrevista.
Como ocorre o machismo no campo?
Tem várias formas. No Brasil, temos só 13% de mulheres com acesso à terra. Na questão da produção, a mulher tem uma jornada tripla de trabalho, na produção de alimentos, no roçado maior e na produção para o autossustento. Ainda assim o trabalho não é reconhecido. Além do trabalho da mulher na família (em relação aos filhos e aos idosos), no conjunto da casa e no que fica ao redor, como na horta e com os animais. Tem muitas lutas e organizações das mulheres no campo, no sentido de avançar nessa questão. Um exemplo é a participação no 8 de março de movimentos do campo como a Via Campesina e o Movimento de Mulheres Camponesas, pois é preciso unir a luta das mulheres do campo e da cidade.
O agronegócio se utiliza dessa situação machista?
O agronegócio se utiliza de várias formas. Uma delas é a concentração dos bens naturais, como a terra, a água, as sementes. Como nós temos que botar comida na mesa todo dia, temos mais dificuldade de realizar essa tarefa que foi construída socialmente para ser das mulheres. Também se utiliza ao explorar a força de trabalho feminina, no trabalho assalariado da roça, com condições precárias, muitas vezes informal. Ou a mulher tem que trabalhar um tempo no campo e depois trabalhar como faxineira para garantir que sua família coma. Sofremos uma dupla exploração por ser trabalhadora e por ser mulher.
O fato da mulher não ser reconhecida como produtora afeta na obtenção de políticas públicas?
Sim. Existe o Pronaf Mulher no Brasil, que não funciona, pois está atrelado à família e não resolve os problemas. Não há um crédito para que as mulheres produzam outra coisa que não esteja desvinculada da produção familiar. Se a produção dominante é o agronegócio, a mulher não consegue crédito para a agroecologia. É preciso avançar em políticas públicas para as mulheres que possam garantir a soberania alimentar.
Como reverter essa situação?
Temos que nos organizar mais e lutar pelos direitos das mulheres e da classe trabalhadora. A Via Campesina faz organização de base, formações e lutas das mulheres, por exemplo.
Como você avalia a união de movimentos de mulheres da cidade e do campo?
É fundamental , porque só vamos transformar a sociedade se estivermos todas unidas. Só assim vamos transformar o Brasil capitalista em um país socialista e feminista.