Ruralista ligado à CNA é preso por envolvimento na morte do cacique no MS

 

Por Éser Cáceres
Do Midiamax


O presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, Osvin Mittank, está entre os presos pela Polícia Federal nesta quarta-feira (4/7). A prisão preventiva do representante da classe ruralista do município, a 346 quilômetros de Campo Grande, foi decretada durante as investigações do sumiço do cacique Nísio Gomes.

 

Por Éser Cáceres
Do Midiamax

O presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, Osvin Mittank, está entre os presos pela Polícia Federal nesta quarta-feira (4/7). A prisão preventiva do representante da classe ruralista do município, a 346 quilômetros de Campo Grande, foi decretada durante as investigações do sumiço do cacique Nísio Gomes.

Segundo o advogado de defesa do fazendeiro, Fabrício Franco Marques, o presidente do Sindicato foi surpreendido com a prisão e já foi ouvido na sede da Polícia Federal de Ponta Porã, onde deve permanecer. “Isso é um atentado ao sindicalismo. Ele não tem interesse algum na região”, diz.

No entanto, o advogado admitiu que o cliente participou de diversas reuniões com fazendeiros da região onde aconteceu em novembro de 2011 o ataque aos índios guarani que ocupavam áreas de duas fazendas no acampamento Guaviry, entre Amambai e Ponta Porã.

O atentado, realizado por um grupo armado, terminou com o desaparecimento do líder indígena Nísio Gomes. Testemunhas, os índios que sobreviveram afirmaram que o cacique teria sido atingido por tiros de armas de fogo e carregado desacordado na carroceria de uma caminhonete.

Segundo a Polícia Federal, continuam as buscas pelo corpo de Nísio. Nesta quarta-feira já foram cumpridos oito mandados de prisão na região. Com as ações de hoje, já são 18 pessoas presas durante as investigações.

O presidente do Sindicato Rural teve o mandado de prisão preventiva emitido pelo juiz federal após o pedido feito pela Polícia Federal e aprovado pelo Ministério Público Federal.

“Ele não tem nenhum interesse na região, nunca contratou ninguém, nunca acompanhou nenhum fato. Ele participou de reuniões de fazendeiros, mas sempre tentando negociar, como representante dos produtores rurais, a retirada pacífica dos índios. Ele não sabia e nem teve nenhum envolvimento no planejamento do atentado”, afirmou o advogado.

Sobre a acusação de que teria ameaçado pessoas envolvidas na investigação do ataque, Fabrício Marques garante que o cliente nega. “Isso não existe. Ele nega que tenha ameaçado alguém. Estou entrando com pedido de revogação da prisão preventiva nesta tarde, porque foi ilegal”, diz.

De acordo com o advogado, o fazendeiro já havia sido intimado para depor nesta tarde, mas não teve tempo de comparecer. “Ele se comprometeu a estar aqui, e não se furtou de ajudar. Tudo que ele sabe, falou para a delegada. Se não tem no depoimento, é porque ele não sabe”, conclui 

Mandados de prisão preventiva

Em continuidade com as buscas ao corpo do cacique Nísio Gomes, a Polícia Federal está dando cumprimento a mais oito Mandados de Prisão Preventiva, na manhã desta quarta-feira (4), expedidos pela Justiça Federal de Ponta Porã, cidade distante a 346 quilômetros de Campo Grande.

Com essas prisões, já foram presas 18 pessoas, entre executores, mandantes e demais partícipes do ataque ao acampamento indígena Guayviry, situado no município de Aral Moreira, ocorrido no dia 18 de novembro do ano passado.

Os mandados foram expedidos contra seis fazendeiros, um advogado e um servidor público que, de acordo com as investigações, tiveram participação e responsabilidade no planejamento e fornecimento das armas que culminaram na ação criminosa.

As novas provas colhidas pela Polícia Federal apontam que efetivamente o cacique Nisio Gomes foi morto por pessoas vinculadas a uma empresa de segurança privada da cidade de Dourados, tendo seu corpo sido posteriormente ocultado pelos mandantes do ataque.

Neste momento, os presos estão sendo interrogados na sede da Delegacia de Polícia Federal de Ponta Porã/MS e posteriormente será expedida uma nova nota à imprensa com mais detalhes sobre o caso.

A Polícia Federal esclarece também que outras pessoas ainda poderão ser presas e que continuam em andamento diligências para a localização do corpo do Cacique Nísio, inclusive com equipes de Policiais Federais realizando vigilância dissimulada em possíveis locais onde o corpo pode estar ocultado.