Gilmar Mauro: aprendizado no MST e chegada de Charles Trocate à Academia


Por Gilmar Mauro
Da Coordenação Nacional do MST

 

Ficamos muito felizes com a aprovação e a posse do companheiro do MST Charles Trocate na Academia de Letras Sul e Sudeste Paraense (ALSSP).

Não pelo "posto", mas por ser um espaço que será ocupado por alguém que fará dele mais uma trincheira na batalha das ideias, amparada e sustentada nas lutas reais do nosso povo.


Por Gilmar Mauro
Da Coordenação Nacional do MST

 

Ficamos muito felizes com a aprovação e a posse do companheiro do MST Charles Trocate na Academia de Letras Sul e Sudeste Paraense (ALSSP).

Não pelo “posto”, mas por ser um espaço que será ocupado por alguém que fará dele mais uma trincheira na batalha das ideias, amparada e sustentada nas lutas reais do nosso povo.

No filme “Spartacus”, há uma cena em que Antonino, um cantor que se incorpora à luta, dialoga com Spartacus sobre luta e cantoria. Spartacus diz: Há momento de cantar e de lutar, por isso cante Antonino!

Hoje sabemos que, evidentemente, há momentos para diferentes coisas, mas que podem se misturar permanentemente. Os momentos de poesia são momentos de luta. As lutas são poesias construídas coletivamente que, captadas por poetas como Charles, transformam-se em novas poesias e lutas.

Charles deve aproveitar e desfrutar. Esse é o nosso tempo. Não é o tempo ideal. pois fazemos história de acordo com as condições reais estabelecidas. Há quem separe o momento de luta do momento da vitória. Muitos dizem que esse é o momento do sofrimento, da agonia, da tristeza, do embrutecimento…

Mas, no futuro, teremos a recompensa, a alegria, a tranquilidade.. Parece até com aquilo que se prega na igreja: temos que sofrer agora para alcançar o céu! É verdade que lutamos contra um sistema injusto, embrutecedor, alienante. E queremos transformá-lo.

Quem separa o hoje do amanhã o faz idealisticamente. Não se dá conta que a própria agricultura nos ensina uma coisa básica e simples: quem quer colher abacates precisa plantar abacateiros. Portanto, o fim está no meio, e o meio será encontrado no fim. O momento do plantio é um momento de felicidade e alegria. Assim como a luta é um momento de crescimento, alegria e felicidade. A luta forma e transforma.

Charles sabe que deve parte importante do que é a essa nossa categoria pobre de Sem Terra, que nos permitiu esse aprendizado. Devemos à nossa organização grande parte do que somos. Tenho absoluta convicção que, apesar dos problemas, não encontraremos tão facilmente, em outros cantos, uma organização que coloca os seus filhos para cumprir missões no Haiti, na Venezuela, Palestina, Bolívia, Paraguai, Guatemala, Cuba… e segue fazendo lutas por Reforma Agrária e Socialismo.

Nosso Movimento sempre valorizou a cultura, a música, a arte, a poesia do nosso povo e do próprio MST. A classe só existe politicamente se organizada e com um rumo a ser seguido. Não sendo assim será só estatística. Companheiro Charles, parabéns por toda a sua história e pelo título, merecido.

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