Campanha faz jornada em defesa da retirada das tropas brasileiras do Haiti

 

Da Página do MST


Partidos, movimentos sociais e organizações políticas que fazem campanha pela retirada das tropas militares brasileiras do Haiti fizeram uma jornada para cobrar um posicionamento do governo federal.

 

Da Página do MST

Partidos, movimentos sociais e organizações políticas que fazem campanha pela retirada das tropas militares brasileiras do Haiti fizeram uma jornada para cobrar um posicionamento do governo federal.

No Brasil, a mobilização aconteceu em 20 municípios em junho. Foram realizados também atos em 10 países para cobrar dos governos a retirada das tropas.

A Missão das Nações Unidas pela estabilização no Haiti (Minustah) foi implantada em 2004. Para os movimentos sociais, depois de oito anos, as forças armadas devem sair  para dar autonomia ao povo haitiano.

Em audiência com o ministro da Defesa, Celso Amorim, em 10 de julho, as organizações cobraram a retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti. Ele admitiu que a manutenção das tropas “se alongou mais que o desejado”.

“A posição do Movimento é pela retirada das tropas”, disse Alexandre Conceição, da Coordenação Nacional do MST. Ele criticou a manutenção de tropas e defendeu projetos de cooperação em áreas sociais.

“Mantemos uma brigada no país, em um projeto de cooperação com os movimentos camponeses, de troca de experiências. Recebemos no Brasil delegações de haitianos para cursos de formação”, disse o dirigente do MST.

A Brigada Internacionalista da Via Campesina Brasil e do MST está presente no Haiti desde janeiro de 2009. Mais de 30 militantes de distintos estados e movimentos sociais já fizeram parte da equipe, que é formada atualmente por 10 pessoas.

“Este deveria ser o tipo de cooperação do Brasil com o Haiti”, defendeu Conceição.

“Há oito anos se entendia a presença das tropas por um determinado período, mas hoje, não encontro justificativa nos fatos para a permanência”, avalia o vice-líder do PT na Câmara, o deputado Fernando Ferro.

Markus Sokol, do Diretório Nacional do PT, também questiona a ocupação militar estrangeira no país caribenho e reivindicou um cronograma para a retirada das tropas.

O sindicalista haitiano Fignolé St. Cyr, secretário da CATH (Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti), fez uma visita ao Brasil neste mês e pediu a solidariedade dos brasileiros para a reconstrução do seu país.

“Não só ajuda material, mas a devolução da nossa soberania, que é incompatível com a presença das tropas, decidida pelas potencias ocidentais”, disse.

O haitiano considera que “após oito anos, as forças ditas de estabilização são verdadeiras tropas de ocupação, que levaram ao país a epidemia do cólera e violam nossa soberania.”

Segundo ele, o Brasil pode servir de exemplo com a desocupação do território haitiano. O Exército brasileiro é líder da missão e responsável pela segurança região da capital Porto Príncipe.

Audiência

Na reunião, o ministro Celso Amorim foi cuidadoso para responder o posicionamento das entidades e agendou um novo encontro para outubro.

Amorim disse que as tropas foram enviadas para “evitar o caos” e questionou que fosse um instrumento de colonialismo das potências

“A nossa intenção é sair, só que isso tem de ser acordado com outros ministérios, e também com outros países, em particular da América do Sul, e a ONU, pois não podemos fazer nada de forma unilateral. A presença de tropas foi pedida pelo governo do Haiti, e o Conselho de Segurança da ONU é a única instancia que legitima neste tipo de intervenção”, disse Amorim.

“Penso que ela já se alongou mais que o desejado, o que pode ter gerado um ou outro conflito, mas todo incidente foi apurado. Temos de planejar uma retirada gradual e, repito, pautada pelo diálogo com nossos parceiros da Unasul cujos países têm tropas lá”, defendeu o ministro.

Os componentes da campanha organizaram um ato continental com representantes de sete países na Câmara Municipal de São Paulo, em novembro de 2011, quando convocaram para junho e julho a jornada continental.