Coletivo de cultura do MST e Cia do Latão encenam peça de Boal


Por Ramiro Olivier
Da Página do MST


Por Ramiro Olivier
Da Página do MST

O SESC Pompéia foi palco de uma importante peça teatral sobre a história da América Latina, na noite desta terça-feira (13). Sob reapresentação da direção de Sérgio de Carvalho, Revolução da América do Sul, escrita originalmente pelo dramaturgo Augusto Boal na década de 1960, fora encenada dessa vez pelo grupo de teatro Cia. do Latão e o coletivo de cultura do MST, além de convidados especiais, como João Pedro Stedile e Nelson Xavier.

O espetáculo conta a história do proletariado sobre a esperança de uma revolução socialista no Brasil, no período do golpe militar de 1964. Entre “pitados” de comédia e drama, a interpretação não deixa a desejar no que cabe a literatura política, com cenas de fome, miséria, trabalho escravo, dentre diversas formas de opressão que eram vivenciadas na década de 60 pelos operários. 

O MST, com seu coletivo de cultura, teve participação especial. Na pessoa de João Pedro Stedile, este pôde interpretar um falso Anjo que se fazia de boa gente, mas na realidade representava as grandes corporações mundiais, que cobravam seus royalties sobre os produtos consumidos pelos trabalhadores.

Com curadoria do diretor Sérgio de Carvalho e da psicanalista Cecília Boal, viúva de Augusto, o evento Pompéia Conta Boal tem a intenção de trazer para a ordem do dia ideias e conceitos formulados pelo dramaturgo. “Mais do que homenagear, o objetivo era trazer o trabalho do Boal para ser utilizado como uma ferramenta de trabalho para os artistas de hoje”, diz Carvalho. “Os encontros também foram concebidos pensando em aproximar diferentes gerações”, contextualiza.

Durante o ciclo, que se estende até 13 de dezembro, as obras mais marcantes de Augusto Boal estarão contempladas. Não faltarão, porém, descobertas recentes feitas dentro do arquivo do artista, hoje sob a guarda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois de quase deixar o país, a coleção agora abrigada no Rio de Janeiro está sendo catalogada, e deve ser submetida, em breve, a trabalhos de digitalização e organização.

Reconhecido internacionalmente, Augusto Boal ocupa um lugar único no teatro nacional. Em 1960, revolucionou a cena ao dirigir o Teatro de Arena. Mudou as feições da nossa dramaturgia e concebeu uma metodologia de trabalho, conhecido como Teatro do Oprimido, que ainda corre o mundo. Por tudo isso, o diretor e teórico merece todas as honras e homenagens.