Massacre de Felisburgo: MST considera “lamentável” adiamento do julgamento
Da Página do MST
O julgamento do latifundiário Adriano Chafik, responsável pelo Massacre de Felisburgo, que deixou cinco Sem Terra do acampamento Terra Prometida em 2004, foi adiado pela Justiça de Minas Gerais.
O juri estava marcado para 13 de janeiro, mas foi adiado por problemas jurídicos no processo. Em nota, o MST e o Comitê Justiça Felisburgo classificam o adiamento como "lamentável".
Da Página do MST
O julgamento do latifundiário Adriano Chafik, responsável pelo Massacre de Felisburgo, que deixou cinco Sem Terra do acampamento Terra Prometida em 2004, foi adiado pela Justiça de Minas Gerais.
O juri estava marcado para 13 de janeiro, mas foi adiado por problemas jurídicos no processo. Em nota, o MST e o Comitê Justiça Felisburgo classificam o adiamento como “lamentável”.
“Estamos convictos de que esse julgamento terá de ser realizado no máximo até abril desse ano. Para isso, o MST e o Comitê de Justiça para Felisburgo está atento com seus advogados e juristas”, cobra a direção do MST em Minas Gerais, em nota (leia abaixo).
No dia 20 de novembro, o Massacre de Felisburgo completou oito anos. Até agora, ninguém foi punido pelo assassinato dos cinco trabalhadores rurais e pelos ferimentos a bala de outras 12 pessoas.
Cerca de 230 famílias haviam ocupado a Fazenda Nova Alegria, considerada devoluta pelo Iter (Instituto de Terras de Minas Gerais), em 1º de maio de 2002. Seis meses depois, o latifundiário Adriano Chafik comandou pessoalmente o ataque às famílias.
O fazendeiro foi preso e posto em liberdade por duas vezes, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mesmo depois de confessar a participação na chacina em depoimento à Polícia Militar.
Nenhuma das famílias das vítimas foi indenizada e o decreto referente à desapropriação da fazenda Nova Alegria, assinado pelo então presidente Lula, em 2009, ainda não foi cumprido. A área não cumpre a sua função social diante dos crimes ambientais já verificados.
O MST faz uma campanha para pressionar pela punição do latifundiário e mandante do crime, Adriano Chafik, e seus pistoleiros. As mobilizações também exigem a desapropriação da área da fazenda Nova Alegria para fins de Reforma Agrária e indenização das famílias vítimas da chacina.
O Movimento anunciou que fará uma jornada de lutas no estado de Minas Gerais a partir do dia 15, contra a violência do latifúndio, contra os despejos dos trabalhadores acampados e em defesa da Reforma Agrária.
“Não vamos nos desmobilizar. Não arredaremos um passo da decisão de se fazer uma condenação popular a Adriano Chafik e seus pistoleiros. É mais do que lamentável o adiamento do julgamento. Estaremos nos preparando com mais força para até o mês de abril realizarmos a maior luta pela justiça no campo e pela Reforma Agrária que Minas Gerais já viveu”, diz o Movimento em nota.
Abaixo, leia a nota do MST sobre o adiamento do julgamento:
O MST juntamente com o Comitê de Justiça para Felisburgo vem, a público se manifestar diante do adiamento do julgamento de Adriano Chafik, mandante e executor do Massacre de Felisburgo.
Após oito anos do massacre e de impunidade, viemos no último período nos preparando para enfim condenar tanto nas ruas com no tribunal esse assassino. Para isso, organizamos o Comitê de Justiça para Felisburgo que, envolve hoje cerca de 80 organizações entre: movimentos sociais, sindicais, pastorais sociais, organizações culturais, associações, juventude do campo e da cidade.
Além de termos deflagrado um grande trabalho junto a base do MST, que já se comprometeu em fazer uma forte pressão para que a justiça seja feita.
Caso contrário, o latifúndio e o agronegócio estariam sendo vitoriosos e que sua vitória significa uma derrota para os todos e todas trabalhadores, sendo uma carta branca para continuarem matando no campo brasileiro.
No final do ano, foi identificado um “furo no rito processual”, no momento de se transferir o júri para a capital do estado de Minas Gerais.
No entanto, essa transferência foi importantíssima, pois sendo julgado na comarca de Jequitinhonha, o assassino teria chances de ser inocentado devido ao seu poderio econômico e político na região.
Para resolver essas pendências jurídicas, o júri teve de ser adiado. Então, não será mais no dia 17 de janeiro de 2013, como estava previsto.
Apesar desse adiamento, estamos convictos de que esse julgamento terá de ser realizado no máximo até abril desse ano. Para isso, o MST e o Comitê de Justiça para Felisburgo está atento com seus advogados e juristas.
A partir do dia 15 de janeiro de 2013, deflagraremos uma grande jornada de lutas no estado de Minas Gerais, com a seguinte pauta:
-Chega de violência no campo,
– Basta de despejos contra os trabalhadores e trabalhadoras e por Justiça para Felisburgo.
Não existe outra saída: ocuparemos latifúndios pelo interior do estado, estaremos nas rodovias e nos trilhos, porque a resposta dos trabalhadores e trabalhadoras é a luta.
Não vamos nos desmobilizar. Não arredaremos um passo da decisão de se fazer uma condenação popular a Adriano Chafik e seus pistoleiros. É mais do que lamentável o adiamento do julgamento, estaremos nos preparando com mais força para até o mês de abril realizarmos a Maior luta pela justiça no campo e pela Reforma Agrária que Minas Gerais já viveu.
Tombaram cinco Sem Terra, mas nós seguimos em frente.
Movimento dos Trabalhadores rurais Sem-Terra (MST)
Comitê Justiça Felisburgo