Juventude deve ascender massas à luta política



Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Mais de 30 organizações de juventude organizam a 1° Jornada de Lutas da Juventude Brasileira.

O coordenador do coletivo de juventude do MST, Raul Amorim, avalia que a jornada é um espaço para construir unidade entre as diversas organizações de jovens e afirmar o compromisso por profundas transformações sociais no país.

As atividades da jornada serão realizada entre 17 de março a 11 de abril. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, as manifestações acontecem na próxima semana.


Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Mais de 30 organizações de juventude organizam a 1° Jornada de Lutas da Juventude Brasileira.

O coordenador do coletivo de juventude do MST, Raul Amorim, avalia que a jornada é um espaço para construir unidade entre as diversas organizações de jovens e afirmar o compromisso por profundas transformações sociais no país.

As atividades da jornada serão realizada entre 17 de março a 11 de abril. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, as manifestações acontecem na próxima semana.

“Queremos que as organizações que participarem da jornada continuem a se encontrar, para poder lidar com os desafios e lutar pelas bandeiras da juventude”.

Confira abaixo a entrevista de Raul Amorim para a página do MST sobre a 1° Jornada de Lutas da Juventude Brasileira:

Como surgiu a ideia de organizar uma jornada unificada da juventude?

A jornada da juventude nasce em novembro de 2012, com uma convocatória ampla a partir da UNE (União Nacional dos Estudantes), MST, CUT (Central Única dos Trabalhadores), Levante Popular da Juventude, e apenas na primeira reunião mais de 20 organizações apareceram.

A jornada surge da vontade política das organizações de construir lutas unitárias. O período neoliberal no Brasil foi muito duro para as organizações, pois ocorreu um descenso na luta de classes e uma dificuldade das organizações de garantir lutas de massa, de maior enfrentamento político.

No último período estamos sentindo mudanças neste cenário político, mudanças que refletem na vontade de se organizar.

Com a jornada, pretendemos tencionar o projeto proposto pelo atual governo, que não representa um projeto popular. Acreditamos que houve avanços nas políticas públicas e para o país, mas da forma como está, esse governo não vai garantir as reformas estruturais que o Brasil precisa. Só com o povo na rua é que vamos conseguir de fato as grandes mudanças.

Quais as bandeiras da jornada?

Definimos seis bandeiras principais para a jornada: a luta contra a violência, a luta por uma reforma política, pelo trabalho decente, o financiamento da educação com 10% do PIB para educação, a Reforma Agrária no Brasil, que é extremamente importante para que tenhamos alimentos saudáveis para o povo brasileiro, e a última é a democratização dos meios de comunicação, pois precisamos acabar também com o latifúndio da mídia.

Em quais estados ela vai ocorrer?

Já temos 11 estados com mobilizações marcadas, que vão do dia 17 de março ao dia 11 de abril. Ao final da jornada, queremos que a maioria dos estados brasileiros tenha feito algum tipo de mobilização.

Outro ponto importante é que a jornada deve ir para as bases, atingir todos os estados, na perspectiva de atuar junto à juventude já organizada, mas também chegar a quem não está organizado. É preciso que as direções das organizações nos estados façam esse exercício de construção da unidade.

Que mobilizações vão acontecer?

Marchas, com atos massivos de ruas, manifestações em instituições públicas e também nas empresas transnacionais. Um grande objetivo que temos é o de identificar nossos inimigos. Não é possível construir lutas de massa sem saber contra quem estamos lutando, e hoje as empresas são inimigas do povo, responsáveis pela crise mundial, e devem ser o foco principal das nossas mobilizações.

Outro objetivo dessa jornada é reafirmar a necessidade da revolução socialista, que venha abolir todo o tipo de propriedade, acabando com esse projeto de sociedade que coisifica o ser humano, o transforma em mercadoria.

Qual o maior desafio da juventude brasileira?

É construir um processo de ascenso das lutas políticas no Brasil, e esse desafio só será alcançado dentro de um processo de se reconhecer como sujeito político capaz de garantir as verdadeiras transformações sociais necessárias para o país. É entender que é possível se articular, construir mobilizações conjuntas, que a luta é o tempero da transformação.

O que a juventude traz para a luta de classes?

A criatividade é um aspecto importante, e temos que incentivar isso. Algo importante é que a juventude já chega a organizações prontas, que vem dos anos 70 e 80. A juventude precisa criar coisas que falem de seu tempo, então muitas organizações, por meio da juventude, apresentam novas formas de mobilização e de linguagem.

É um desafio tentar dialogar com toda a juventude brasileira; a utilização das ferramentas da internet é importante, mas estamos tateando este campo ainda. Começamos a nos apropriar da internet, pois ela permite uma comunicação ampla, onde se coloca uma mensagem que rapidamente é visualizada por milhares de pessoas.

Entretanto, essa não pode ser a única forma de se fazer lutas de massa. O desafio dessa jornada é conjugar as organizações que estão desenvolvendo tecnologias e linguagens para dialogar com a população com organizações que realizem a luta de massa, o enfrentamento. A jornada deve trazer a união dessas formas de luta contemporâneas.    

Depois da jornada, as organizações irão continuar fazendo lutas conjuntas?

Estamos fazendo reuniões semanais, e propusemos, após a jornada, que nos espaços massivos das organizações, nós pudéssemos estar presentes. Por exemplo, no Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), vai se fazer um ato das organizações de juventude brasileira.

Também queremos que as organizações que participarem da jornada continuem a se encontrar, para poder lidar com os desafios e lutar pelas bandeiras da juventude.

Estamos pensando em realizar um seminário em julho para discutir com mais profundidade os desafios da juventude brasileira e fazer uma animação para uma segunda jornada no mês de agosto, pois agosto já tem a jornada da juventude Sem Terra, lutas dos estudantes, mobilizações dos movimentos de rede, a juventude sindical também se mobiliza…só que cada um sempre se mobilizou no seu quadrado.

Quem sabe neste agosto não conseguimos criar mais uma jornada unificada? Durante as reuniões, vem aparecendo também a vontade de se criar no ano que vem um grande encontro da juventude nacional brasileira.