Presos injustamente, dirigentes do MST em Goiás são soltos
Por Iris Pacheco
Da Página do MST
Paulo e Belchior, dirigentes do MST e membros do assentamento Canudos, em Goiás, que estavam presos desde 13 de novembro de 2012, foram soltos nesta terça-feira (16/4), por pedido da defesa que alegava excesso de prazo.
Por Iris Pacheco
Da Página do MST
Paulo e Belchior, dirigentes do MST e membros do assentamento Canudos, em Goiás, que estavam presos desde 13 de novembro de 2012, foram soltos nesta terça-feira (16/4), por pedido da defesa que alegava excesso de prazo.
Paulo e Belchior foram presos sob a acusação de terem desviado recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Cheque Moradia da Caixa. No entanto, na investigação preliminar a Polícia Federal constatou, a partir de um levantamento financeiro, que não há nada de irregular que comprove a veracidade das acusações. Sendo assim, porque os dois ficaram presos por tanto tempo?
De acordo Valdir Misnerovicz, da coordenação do MST em Goiás, “a prisão veio da pressão que setores do agronegócio exercem para desarticular o assentamento, deslegitimar a Reforma Agrária e tentar adquirir parcelas dentro do assentamento, pois a terra é boa, a área é bem localizada, com abundância de água. Há também um interesse por parte do Judiciário para tentar bloquear o processo de criação de assentamentos no estado, e para isso ele tem desenvolvido um conjunto de ações, se aproveitando dessas denúncias para tentar desestabilizar o assentamento” afirma.
Os dois dirigentes defendem a causa da Reforma Agrária e lutam para que a terra cumpra sua função social. Como integrantes representantes de um coletivo que se opõe aos interesses do agronegócio na região, os dois se tornaram alvos. Acumular um conjunto de denúncias contra eles foi a forma que encontraram para justificar uma ação pública contra eles e o assentamento.
Com relação ao abuso do Judiciário no referente caso, Amélia Franz, companheira do Belchior, deixa explicito o que sente no momento. “Há um sentimento de revolta, de indignação. Não consigo entender como a justiça detém pessoas apenas a partir de acusações verbais”, desabafa. “Toda essa situação se trata-se de uma perseguição ao MST, a Reforma Agrária”, conclui.
Fim da agonia
Amélia relata que sua vida não foi nada fácil durante a prisão de Belchior. Os dois se conheceram em atividades do MST e desde 1998 estão juntos compartilhando suas histórias de vida e de luta.
Segundo ela, “antes da prisão a família tinha uma rotina normal de produtividade agricultora e leiteira no lote, além das atividades militantes dentro e fora do assentamento”. A prisão de Belchior causou uma drástica mudança que veio a prejudicar a vida individual e coletiva de todos os envolvidos.
Sem poder contar com a colaboração do companheiro, Amélia teve que dar continuidade ao processo de produção do lote da família e nas atividades militantes dentro do próprio assentamento.
“Iniciei o plantio de milho, para a venda ao PAA e PNAE no período da seca. Plantei mandioca. Também temos um canavial que precisa ser zelado. E tenho meus filhos. O transporte escolar não passa perto de casa e preciso levá-los até o local. Um de manhã, outro à tarde, além da participação em atividades do assentamento”, relata.
Agora, com a volta de Belchior, a vida pode começar a se normalizar. “O Belchior seja definido por ela como “uma pessoa que nunca mediu esforços para busca de soluções coletivas para os problemas do assentamento Canudos. Ele sempre atuou e apostou na coletividade do assentamento para que o mesmo progredisse social e economicamente”, ressalta Amélia.