Famílias do MST lutam por produção sustentável no Sertão de Sergipe
Da Página do MST
No último domingo (21/07), o clima era de festa no assentamento Cachoeirinha. A Associação da Agrovila I do assentamento do MST, situado no município de Gararu (Alto Sertão de Sergipe), comemorou a conclusão de um importante projeto produtivo financiado pela Petrobras e realizado em parceria com a Fundação Dom Helder Câmara.
Da Página do MST
No último domingo (21/07), o clima era de festa no assentamento Cachoeirinha. A Associação da Agrovila I do assentamento do MST, situado no município de Gararu (Alto Sertão de Sergipe), comemorou a conclusão de um importante projeto produtivo financiado pela Petrobras e realizado em parceria com a Fundação Dom Helder Câmara.
O projeto, que durou quatro anos, tinha como objetivo garantir a sustentabilidade da produção de leite, uma das principais fontes de renda dos agricultores na região. As famílias melhoraram a qualidade do leite através de técnicas de inseminação artificial, desenvolveram a produção de plantas forrageiras (com o plantio consorciado de milho, sorgo e gliricídias, destinadas à alimentação do rebanho leiteiro) e construíram silagens para estocar os produtos até a época da seca.
Os recursos do projeto permitiram também a construção de uma sede para a associação e a compra de três veículos (duas motos e uma caminhonete) para apoiar as atividades produtivas.
Uma história de luta
Para o presidente da associação e dirigente do MST na região, Humberto Vila dos Santos, a conclusão do projeto representa mais uma conquista, oriunda de uma longa história de luta.
“O meu primeiro acampamento foi em 1995, quando ocupamos, com mais de 2000 famílias Sem Terra, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), no município de Canindé de São Francisco (SE). Depois, passei por mais três acampamentos no Alto Sertão de Sergipe, lutando durante cinco anos para ter o meu pedaço de terra.”
Em 2000, o MST conquistou a fazenda Cachoeirinha, propriedade de uma família de latifundiários do estado. 99 famílias foram assentadas no local. O fato de ter um pedaço de terra mudou radicalmente a vida de Seu Humberto.
“Antes, trabalhava como empregado para fazendeiros, com um salário muito baixo. Era uma vida difícil, sem perspectiva de crescer. Hoje, consegui meu espaço, posso produzir alimentos para o consumo da minha família e para venda.”
Diversificar a produção
Para desenvolver a produção no Cachoeirinha, Seu Humberto e as famílias assentadas tiveram que aprender a conviver com o clima semiárido característico do Alto Sertão. “A seca é um problema terrível. Nós sempre preparamos um estoque de comida para seis meses. Mas nos anos passados, os períodos de estiagem foram prolongados.” Para enfrentar o problema, o agricultor tem que melhorar a qualidade e diversificar a produção.
Na região, as atividades agropecuárias tradicionais são o cultivo do milho, da palma e o gado leiteiro. Além disto, Seu Humberto cria ovelhas e galinhas, que garantem um recurso em caso de necessidade, e cultiva uma horta agroecológica na qual planta cenouras, couve, frutas, tomates e coentro.
Uma parte da produção é consumida pela família, outra é destinada à merenda escolar no município de Gararu. Segundo o assentado, o processo agroecológico é de fundamental importância para o assentamento: “É assim que se produz uma alimentação de qualidade para o consumo da sua família e da sociedade.”