Sem Terra sofrem despejo de área grilada no estado de Tocantins


Da Página do MST


Na manhã desta quarta-feira (31), 150 famílias Sem Terra do acampamento Sebastião Bezerra, à 30 km de Palmas, em Tocantins, foram despejadas pela Polícia Militar, após mandato de reintegração de posse concedido pela justiça.

Os Sem Terra denunciam que as terras são públicas, mas foram tituladas de forma irregular pelo governo do estado e entregues à fazendeiros e especuladores em troca de votos e favores.


Da Página do MST

Na manhã desta quarta-feira (31), 150 famílias Sem Terra do acampamento Sebastião Bezerra, à 30 km de Palmas, em Tocantins, foram despejadas pela Polícia Militar, após mandato de reintegração de posse concedido pela justiça.

Os Sem Terra denunciam que as terras são públicas, mas foram tituladas de forma irregular pelo governo do estado e entregues à fazendeiros e especuladores em troca de votos e favores.

“As terras não cumpriam com sua função social, pois nada se produzia lá e sequer haviam moradores no local”, afirma Antônio Marcos, da coordenação nacional do MST.  

“Esta área de terra pertence ao governo do estado, mas atualmente está sob controle e posse de fazendeiros que se dizem donos da área. O MST ocupou essas terras e exige a regularização destas áreas para fins e Reforma Agrária”, disse Antônio Marcos.

As famílias saíram da área e continuam acampadas próximas ao local. Há mais de dois anos e meio que elas estão na luta pela terra.

“A luta pela terra continua na região entorno de Palmas, onde estamos lutando e pressionando o governo do estado e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para que destinem essas terras e outras áreas da região para a Reforma Agrária com a criação de projetos de assentamentos”, completa Antoônio Marcos.

Tudo em casa

Os movimentos sociais do campo do estado de Tocantins estão apreensivos com o que pode acontecer no próximo período em relação a questão agrária no estado. Isso porque em amio deste ano, o deputado federal Irajá Silvestre Filho, mais conhecido como Irajá Abreu (PSD/TO), se tornou secretário da recém-criada pasta de Desenvolvimento Agrário e Regularização Fundiária do Governo do Estado de Tocantins.

Na época, os movimentos sociais criticaram a escolha do governador Siqueira Campos (PSDB) e manifestaram preocupação com a maneira como o processo de distribuição de títulos vem sendo conduzido no Estado, que classificam como “oficialização de grilagem” de terras públicas.

Irajá Abreu é filho da senadora Kátia Abreu (PSD/TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma das principais lideranças da Bancara Ruralista, a assim chamada frente de parlamentares ligados a latifundiários no Congresso Nacional.

Entre as principais reclamações dos movimentos sociais está o fato de a família Abreu ter sido beneficiada por uma das mais polêmicas disputas fundiárias do estado, a desapropriação e expulsão de pequenos camponeses de uma área de mais de 100 mil hectares em Campos Lindos, no norte do estado.

A área foi declarada de utilidade pública em 1997 por Siqueira Campos, que também governava o Estado na época, e repassada para fazendeiros para a criação de um polo produtor de soja. Entre os beneficiados, estão a senadora Kátia Abreu, mãe de Irajá Abreu, e Luís Alfredo Abreu, seu tio. O caso, detalhado no estudo “Do Sertão à periferia: expropriação camponesa pela expansão da soja”, está longe de ser concluído.