Festa Camponesa contou com 400 tipos diferentes de sementes crioula em RO
Por Renata Garcia
Da Página do MST
“Mais uma vez nos encontramos em festa para celebrar nossas vitórias e conquistas, e para reafirmar nossa identidade enquanto camponeses e camponesas.” Com essas palavras, a coordenação da Via Campesina fez a abertura da 4ª Festa Camponesa que aconteceu em Ouro Preto d’Oeste, em Rondônia.
Na abertura da atividade, os camponeses contaram com o seminário “Agroecologia e o Projeto Popular: possibilidades e desafios”, exposições, troca de sementes crioulas, feira e oficinas.
Por Renata Garcia
Da Página do MST
“Mais uma vez nos encontramos em festa para celebrar nossas vitórias e conquistas, e para reafirmar nossa identidade enquanto camponeses e camponesas.” Com essas palavras, a coordenação da Via Campesina fez a abertura da 4ª Festa Camponesa que aconteceu em Ouro Preto d’Oeste, em Rondônia.
Na abertura da atividade, os camponeses contaram com o seminário “Agroecologia e o Projeto Popular: possibilidades e desafios”, exposições, troca de sementes crioulas, feira e oficinas.
Para Leila Denise Meurer, agricultora do município de Ariquemes, a maior motivação para participar da festa foi a possibilidade de encontro entre as pessoas e com a diversidade de produtos e sementes.
Foram registrados mais de 400 tipos diferentes de sementes crioulas trazidas pelos agricultores de todos os municípios de Rondônia. “Aqui resgatamos nossa cultura camponesa e nossa história da conquista da terra. Muitas pessoas se motivam a voltar a produzir quando encontram sementes que haviam perdido e que remetem às suas memórias da infância”, acredita a agricultora.
Espaço de lutas
De natureza comunitária e popular, coletiva e solidária, a Festa Camponesa busca a valorização da vida em todas as suas expressões e dimensões. Mas, também, é um espaço de reafirmação das lutas do campesinato pela Reforma Agrária, por políticas públicas que garantam a prática da agroecologia e pela garantia de que os bens da natureza não sejam tratados apenas como mercadoria.
“Os movimentos sociais têm que disputar espaço com os projetos capitalistas, para de fato construir uma sociedade solidária em que estejam contemplados os elementos políticos, culturais, econômicos, sociais e ambientais”, disse Antônio Carneiro de Menezes, da coordenação nacional do MST.
Para ele, o campo não pode mais ser visto com há 30 anos. “É preciso acompanhar a evolução dos tempos. Ter internet nas casas, praças nos assentamentos que possibilitem a convivência, a cultura e o lazer para jovens, crianças e adultos. Mas, sobretudo, precisamos de uma educação que de fato seja do campo e para o campo”.
Na visão da socióloga Dalva de Oliveira, a quarta edição da Festa Camponesa teve a participação mais expressiva de jovens, que segundo ela, estão encontrando ali um espaço de reafirmação de sua identidade e de realizar suas trocas simbólicas.
“A ausência de políticas públicas para a educação de jovens que vivem no campo e falta de lazer são um grande incentivo à migração para as cidades”, pontua.
Desafios da educação do campo
Aos 17 anos, a estudante da Escola Família Agrícola (EFA) do Vale do Guaporé, Gerusa Rocha, nunca havia participado de uma festa camponesa e se impressionou com a quantidade de produtos diferentes expostos nas barracas.
“Aqui tem coisas que eu nunca tinha visto na vida”, conta. Gerusa explica que para estudar tem que morar a 700 quilômetros de sua família. Na vila em que seus pais vivem (dentro da reserva onde antes era o garimpo de cassiterita Bom Futuro) não há escola nem ônibus para transportar jovens e crianças à cidade mais próxima.
A educação do campo em Rondônia passa por diversos desafios tendo em vista que as escolas multiseriadas e escolas pólos, criadas nos anos 90, estão sendo fechadas.
Apesar das escolas terem sido institucionalizadas no campo, não foi considerado o sujeito social a quem ela se destinava, o contexto onde estava situada, as relações sociais, a forma de produção, a cultura e a necessidade de formação sócio-político-profissional das pessoas que estavam sendo beneficiadas, dificultando desta forma a permanência dos jovens e suas famílias em suas terras.
“Precisamos de uma escola que resgate a autoestima camponesa e seus valores e saberes. Só assim conseguiremos manter as famílias produzindo no campo e garantindo a soberania alimentar do país”, ressaltou Matilde Oliveira.
No final da atividade, organizada pela Via Campesina, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), MST, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e CIMI, foi oferecido um café da manhã camponês aberto a toda comunidade com mais de 15 produtos preparados pelas próprias famílias.
Mais de 5 mil famílias participaram desde a organização até a doação e preparação dos alimentos para que a festa acontecesse.