Fazendeiro é condenado a 115 anos pelo Massacre de Felisburgo em Minas


Da Página do MST 


O fazendeiro Adriano Chafik Luedy foi condenado na madrugada desta sexta-feira (11) a 115 anos de prisão pelo Massacre de Felisburgo (MG), quando assassinou cinco Sem Terra e deixou outros 12 feridos em novembro de 2004, no acampamento Terra Prometida do MST.


Da Página do MST 


O fazendeiro Adriano Chafik Luedy foi condenado na madrugada desta sexta-feira (11) a 115 anos de prisão pelo Massacre de Felisburgo (MG), quando assassinou cinco Sem Terra e deixou outros 12 feridos em novembro de 2004, no acampamento Terra Prometida do MST.

Chafik foi culpado pelo mando e participação no ataque. O juiz Glauco Fernandes, do Tribunal do Júri de Belo Horizonte, começou a leitura da sentença à 1h59 e terminou às 2h24.

Apesar da condenação, o fazendeiroTT deixou o Tribunal do Júri de Belo Horizonte em liberdade. Ao final da sentença, as centenas de integrantes do MST que acompanharam o julgamento no plenário do tribunal aplaudiram a decisão, mas se mostraram inconformados com o fato dos réus continuarem em liberdade.

“Foi condenado, falta prender. Começou a se fazer justiça, mas para completar tem que prender e fazer a reforma agrária”, disse Enio Bohnenberger, dirigente do MST.

Também foi condenado a 97 anos e seis meses de prisão o capataz Washington Agostinho da Silva, que há 22 anos trabalha para Chafik. Ele também ficará livre aguardando o julgamento dos recursos já apresentados pela defesa dos réus.

O Ministério Público, contudo, pediu a cassação do passaporte do fazendeiro, para tentar evitar eventual fuga. O juiz deve decidir até segunda-feira (14).

Abaixo, leia a nota do MST sobre o caso:  

O MST reconhece a lisura e a retidão com que Juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes conduziu o julgamento do Massacre de Felisburgo, bem como o empenho do Dr. Christiano Leonardo Gonzaga Gomes, do Ministério Público, em expor aos jurados a verdade sobre a violência do latifúndio, cumprindo de maneira exemplar seus papéis.

Agradecemos a toda sociedade que apoia o povo Sem Terra e que acompanhou cada capítulo deste processo hediondo, desde o massacre até as diversas tentativas do acusado de burlar o julgamento, adiando a data por 4 vezes.

Entretanto, é com pesar e indignação que assistimos as brechas que existem na justiça e que os poderosos fazem tanto uso para sair impunes. Este é um sentimento que reverbera em todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores brasileiros, cansados de tanta injustiça.

Mesmo condenados a 115 anos de prisão e à 97 anos e seis meses respectivamente, Chafik e Washington saíram pela porta da frente do Fórum Lafayete, em Belo Horizonte.

Ficou claro pelos autos do processo, pela argumentação da promotoria e pela postura esquiva da defesa, que Chafik premeditou o crime, comprou as armas e executou, colocando o preço de suas terras acima do valor da vida humana.

A justiça que garante a intocabilidade dos latifundiários arcaicos e criminosos é a mesma que rapidamente emite despejos em massa, condena milhares de famílias a viverem sem terra e sem casa, nas beiras das estradas, arranca os frutos do trabalho que caleja as mãos dos agricultores e que alimenta as cidades.

Para o MST, só haverá justiça para o caso de Felisburgo com a prisão definitiva dos réus e a definitiva desapropriação da fazenda Nova Alegria.