Ato no PR marca os seis anos do assassinato do Sem Terra Keno
Da Página do MST e Terra de Direitos
Nesta segunda-feira (21/10), completam seis anos desde que o militante do MST, Valmir de Oliveira Motta, o Keno, foi assassinado no campo de experimento da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Nesse sentido, o trabalhador Sem Terra será homenageado nessa noite, no “Seminário Internacional dos 10 anos dos Transgênicos no Brasil”, em Curitiba, Paraná.
Da Página do MST e Terra de Direitos
Nesta segunda-feira (21/10), completam seis anos desde que o militante do MST, Valmir de Oliveira Motta, o Keno, foi assassinado no campo de experimento da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Nesse sentido, o trabalhador Sem Terra será homenageado nessa noite, no “Seminário Internacional dos 10 anos dos Transgênicos no Brasil”, em Curitiba, Paraná.
O Seminário que acontece de 21 a 24 de outubro, tem como objetivo debater criticamente as consequências da liberação dos transgênicos e fortalecer modelos alternativos de agricultura. Além de pesquisadores e integrantes de organizações e movimentos sociais brasileiros, o evento contará com a participação de referências internacionais no tema. Para o Ato em memória do Keno, estarão presente familiares do Sem Terra, além dos outros trabalhadores que ficaram feridos no dia do conflito.
Histórico
Em Março de 2006, o Movimento dos Trabalhadores juntamente com a Via Campesina, ocupam a Fazenda da Multinacional Syngenta Seeds, como forma de denunciar os experimentos que a empresa vinha fazendo com sementes geneticamente modificadas dentro da faixa de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, em Santa Tereza do Oeste, Paraná. Logo após a ocupação, o Ibama multou a Syngenta em R$ 1 milhão justamente por ela descumprir a lei de preservação ambiental.
Os camponeses que estavam na área começaram a plantar alimentos para tentar recuperar os danos dos experimentos. Ficaram um tempo na fazenda, sofreram despejo e acamparam as margens da BR, até o governo do estado decretar que a área deveria ser de utilidade pública.
Após o decreto, os trabalhadores ocupam novamente, porém não passa muito tempo e sofrem mais um despejo, onde acabam montando acampamento no Assentamento Olga Benário, que fica ao lado. Nessa época, Keno e outras lideranças estavam sendo ameaçados por milicias da Sociedade Rural do Oeste do Paraná e pela Syngenta Seeds.
No dia 21 de outubro de 2007, o MST e a Via Campesina resolvem reocupar a área, pois havia rumores de que a empresa estava preparando a terra para plantar milho e soja transgênicos. Por volta das 06:30 da manhã, cerca de 200 pessoas ocupam a fazenda. Já era quase 12:00, quando um micro- ônibus cheio de seguranças e um carro cheio de armas chegaram e começaram a atirar contra todos.
Keno foi atingido com um tiro na perna e outro no peito, além dele outras pessoas ficaram feridas. Outros quatro trabalhadores ficaram gravemente feridos durante a ação de cerca de 40 pistoleiros, integrantes de milícias armadas da região. O IBAMA aplicou multa de um milhão de reais pelos crimes ambientais, até hoje nunca pagos pela transnacional.
Valmir Mota de Oliveira, o Keno, tinha 34 anos e deixou para todos o exemplo da sua militância incansável como membro da Via Campesina e do MST. Do Paraná para o Brasil, Keno organizou brigadas e acampamentos pelos estados onde passou. No Sergipe, no Maranhão, na Bahia, sua vida era na estrada. Viveu 10 anos em Brasília, onde conheceu sua esposa, Íris, com quem teve 2 dos 3 filhos.
Seus pais, João Mota de Oliveira e Evanir de Oliveira, que estão há 23 anos no MST, participaram de uma ocupação pela primeira vez em 1985, em Juvenópolis, no Paraná. Na época Keno tinha 10 anos de idade e desde aquele dia sentiu-se parte do movimento. Com 18 anos partiu para a militância em outros estados. Retornou ao Paraná 10 anos depois.