Prefeito descumpre acordo e prefeitura de Atalaia continua ocupada
Por Gustavo Marinho
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Da Página do MST
Em reunião na manhã desta quarta-feira (08/01), trabalhadores rurais, profissionais da educação, aposentados e sem tetos do município de Atalaia levaram suas reivindicações ao prefeito da cidade, Manoel da Silva Oliveira (PTB).
Na presença do Procurador Geral do Ministério Público de Alagoas, Sérgio Jucá, dos acordos firmados entre o gestor com os manifestantes, ficou marcada uma nova reunião para atender as demandas específicas dos Sem Terra no gabinete da prefeitura.
Contudo, o prefeito descumpriu o acordo de atender os agricultores e os manifestantes decidiram manter a ocupação do prédio da prefeitura por tempo indeterminado.
Após diversas negociações para marcar uma nova reunião, o gestor sinalizou que só sentaria para discutir as demandas dos trabalhadores rurais na manhã de quinta-feira (09/01).
“Atalaia vive um sério problema de administração”, denunciou Margarida Silva, da Direção Estadual do MST. “É nessa cidade que temos o maior complexo de assentamentos do estado de Alagoas: somente em Atalaia vivem cerca de 700 famílias em assentamentos rurais”, disse Margarida, que também compõe o Comitê Popular em Defesa de Atalaia.
Com a continuidade da mobilização no centro da cidade, Margarida ressaltou a necessidade da mobilização permanente. “Vimos até aqui para reivindicar direitos que são nossos e enquanto os problemas de Atalaia continuarem, estaremos dispostos a discutir com toda a sociedade e lutar por condições dignas tanto para quem vive no campo quanto para quem vive na cidade”.
Também na reunião mediada pelo Ministério Público foi criada uma comissão fiscalizadora das verbas municipais com representação dos movimentos sociais e do gabinete da prefeitura, com um primeiro encontro marcado para a próxima quarta-feira (15/01).
Com o prédio da prefeitura e da Câmara Municipal ocupado desde a última segunda-feira (06/01), toda a população atalaiense mobilizou-se em torno das ações convocadas pelo Comitê Popular em Defesa da cidade, em assembleias abertas e atividades culturais, além do bloqueio da BR 316, no trevo de entrada do município na tarde de terça-feira (07/01), onde a população exigia ser atendida pelas autoridades para debaterem suas pautas.
Para o vereador da cidade José Cícero Melo dos Santos (PSD), conhecido como Cicinho, as mobilizações na cidade estão dando uma lição ao povo de Atalaia. “Nossa cidade não é uma cidade pobre.
Arrecadamos cerca de 6 milhões por mês e não é aceitável que a gente esteja vivendo tamanha omissão por parte da prefeitura”, destacou o vereador em um dos fóruns realizados pelo Comitê.
“Pela primeira vez depois de muito tempo o povo teve a ousadia de ocupar a Câmara Municipal”, lembrou o professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Albuquerque, que também integra o Comitê Popular em Defesa de Atalaia, e completa: “do mesmo jeito que em junho de 2013 o Brasil inteiro acordou, chegou a vez de Atalaia também acordar e lutar pelos seus direitos”.