Especialistas em questão agrária parabenizam o MST pelos 30 anos
Da Página do MST
Da Página do MST
Confira depoimentos de especialistas em questão agrária sobre os 30 anos de luta do MST no contexto brasileiro de concentração fundiária.
Guilherme Delgado, pesquisador e doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp):
“Em pleno século XXI, a mudança da estrutura agrária brasileira é tema da maior relevância e oportunidade.
Os direitos de propriedade, posse e uso da terra (e dos recursos naturais superficiais) tornaram-se na prática absolutas, em franca contradição com o interesse público que o princípio constitucional da função social e ambiental da propriedade rural (Art. 186) significa.
Essa contradição clama por limites à completa “mercadorização” das terras, processo que é inimigo visceral da reforma agrária, como também de uma sociedade justa, nas suas relações com a natureza, com o trabalho e com a vida humana em geral.
O verdadeiro desenvolvimento do país (e não apenas do espaço rural) depende dessa reforma essencial, que é a reforma da estrutura agrária, já prevista em 1988, mas sistematicamente negada pelo pacto de poder do agronegócio.”
João Márcio Mendes Pereira, Historiador, Doutor em História, professor da UFRRJ:
“A concentração fundiária é um dos pilares da injustiça ambiental e da desigualdade de poder político e riqueza no Brasil.
Tal concentração tem se baseado na exploração intensa dos trabalhadores, na devastação ambiental, no envenenamento da terra, da água e dos alimentos e na violência sistemática contra camponeses, povos indígenas e quilombolas.
Esses traços são estruturais do modelo de desenvolvimento vigente, e não exceções. A questão agrária existente no Brasil não é um problema para o capital, mas é um problema para o mundo do trabalho e os setores populares.
Nesse sentido, ao contrário do que têm afirmado os porta-vozes do agronegócio, a reforma agrária é uma bandeira de gigantesca atualidade e relevância nacional, que se reinventa, pelo exemplo do MST, como luta popular, justiça ambiental e alimentação saudável para todos.”
Osvaldo Russo, ex-presidente do INCRA
“A História da Luta pela Terra no Brasil não começou com a criação do MST, mas ela não poderá ser contada hoje e no futuro sem referência ao maior, mais organizado e combativo movimento social surgido em todo o País: o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – o MST”
Horácio Martins de Carvalho, pesquisador da questão agrária, engenheiro agrônomo e cientista social:
“Desde a fundação do MST e da sua opção pela ação direta para a concretização da reforma agrária no Brasil pode-se constatar mudanças fundamentais nas concepções e práticas dos movimentos e organizações sociais populares no país a partir de seu exemplo.
Cresceram e se multiplicaram a coragem e a ousadia das iniciativas populares na afirmação de seus propósitos e interesses.
Ao completar 30 anos de existência ativa o MST renova a cada dia seus propósitos e reafirma a vontade humanizadora de construir uma sociedade mais equânime e socialmente justa.
Exemplo inigualável para o povo brasileiro e para os povos de diversos países em todo o mundo, sua concepção e prática social se irradiam sem cessar e nos motivam a não abandonar as lutas sociais, mesmo nas situações em que as correlações de forças são altamente desfavoráveis aos interesses populares no campo e na cidade.
Para mim, os exemplos de vida de seus militantes e dirigentes na incansável e permanente luta social tem sido um alento político inestimável.
Tive e tenho a felicidade de vivenciar a presença histórica da constituição e crescimento do MST em nosso pais. Longa vida ao MST, e muitas flores no caminho.”
Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro no governo FHC, é professor Emérito da FGV e Livre Docente em Economia Doutor em Ciências Econômicas – USP:
“A luta legítima do MST não é para acabar com a grande propriedade e o agronegócio, mas fazer que ao seu lado exista e prospere a propriedade familiar moderna.”