Sem Terra debatem organização e produção em nova área conquistada



Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST



Uma semana após a conquista da Fazenda Bela Vista, no município de Lagoinha, na região do Vale do Paraíba (SP), as 55 famílias Sem Terra do pré-assentamento Egídio Brunetto realizaram um processo de formação para debater o futuro do assentamento, neste final de semana.



Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST

Uma semana após a conquista da Fazenda Bela Vista, no município de Lagoinha, na região do Vale do Paraíba (SP), as 55 famílias Sem Terra do pré-assentamento Egídio Brunetto realizaram um processo de formação para debater o futuro do assentamento, neste final de semana.

No centro do debate, temas como o modelo de produção a ser adotado, a organização do assentamento e as políticas públicas que os assentados podem ter acesso permearam o processo de discussão.

Para Gilvan Santos, do setor de produção do MST e futuro assentado da área, o debate em torno da produção e a organização do assentamento é a premissa de todos os debates quando se conquista a terra.


“A produção é uma das principais justificativas da Reforma Agrária. E tão importante quanto a produção é o aspecto social do assentamento”, observou Gilvan.

Para ele, os assentamentos carregam a vantagem de terem autonomia para se discutir o modelo produtivo que se pretende, e com isso propor e desenvolver outra matriz produtiva que não seja a do agronegócio.

“Tem que ser debatido a saúde da terra assim como da população. O que garante um ambiente sadio? Uma boa convivência. E o que garante uma população sadia? Uma boa alimentação”, explica.

Referência 

Alexandre Venceslau Lopez, mais conhecido como Carijó, está na luta desde o começo do acampamento, acompanhado de seus cinco filhos. Preocupado com o que surgiria daquela luta, Carijó explica que as coisas começaram a clarear.   

“Está ficando bastante claro que a produção só pode ter sucesso se for coletiva. Nossa expectativa é que esse assentamento seja altamente produtivo e que se torne uma referência para outros assentamentos”, acredita.

O que a princípio poderia ser um problema para desenvolver a produção nos 1650 hectares do assentamento, por ser uma região montanhosa, pode ser um trunfo no futuro, de acordo com Gilvan.

“Trata-se de uma região importante, onde podemos desenvolver uma experiência agroecológica, plantando grãos num local, enquanto trabalhamos com pecuária em outro, podemos ter hortaliças e árvores frutíferas integrados aos Sistemas Agroflorestais (SAFs)”.

Além disso, por ser uma região bem localizada geograficamente – perto de grandes pólos tecnológicos e industriais, como São José dos Campos e Taubaté – têm-se a possibilidade de criar grandes parcerias com institutos federais, universidades, etc, segundo Gilvan.

Como exemplo dessas parcerias e presente no debate, o agrônomo João Dagoberto, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), visitou a área e dialogou com as famílias sobre o histórico da região e a importância da reestruturação daquela terra bastante degradada ao longo do tempo.

 
Junto ao seu companheiro e dois filhos, a pré-assentada Patrícia Aparecida da Silva afirma que a luta das famílias caminha justamente nesse sentido. Para ela, é fundamental que o assentamento “seja bom para a ecologia local, recuperando a fauna, a flora e o solo degradado, e que seja lugar com bastante produção e gostoso de se viver”.