Frei Sérgio Antônio: O fracasso do milho transgênico se comprova


Por Frei Sérgio Antônio Görgen*    

“Meu gado repuna o milho  transgênico”. Ouvi esta fase de um pequeno agricultor que me contava que suas vacas se recusavam a comer silagem feita com milho transgênico.

Os supostos cientistas à soldo ou não das transnacionais dirão que é bobagem, que  a rejeição, se houve, foi por outros fatores, etc, etc. Que é alarmismo anticientífico e atraso tecnológico evidente.

Por Frei Sérgio Antônio Görgen*    

“Meu gado repuna o milho  transgênico”. Ouvi esta fase de um pequeno agricultor que me contava que suas vacas se recusavam a comer silagem feita com milho transgênico.

Os supostos cientistas à soldo ou não das transnacionais dirão que é bobagem, que  a rejeição, se houve, foi por outros fatores, etc, etc. Que é alarmismo anticientífico e atraso tecnológico evidente.

“A buva tá tomando conta das lavouras de soja transgênica”. Ouço esta frase diariamente pelo interior do Rio Grande do Sul. Uma planta, a buva, que tornou-se super-resistente ao herbicida à base de glifosato, com domínio de sua produção comercial através da Monsanto, desafia a tecnologia que dizia resolver tudo, com baixo custo e diminuição do uso de venenos. Outras virão. A buva é só o começo. Quem viver verá.

“O câncer tá tomando conta do nosso interior”. O câncer está transformado numa epidemia nas regiões tradicionais de uso de venenos agrícolas, pelo menos no Rio Grande do Sul. Em minha infância havia surpresa quando alguém morria de câncer. Hoje a surpresa é quando alguém não morre de câncer. Muitas mortes prematuras…

Não são os “defensivos agrícolas”. Devem ser outras causas, dirão os supostos cientistas à soldo ou não (há, embora poucos, inocentes úteis nestas searas) das transnacionais dos venenos agrícolas.

Em minha modesta opinião, a não relação de causa e efeito entre o uso intensivo de venenos agrícolas e a epidemia de câncer é que deve ser provada cientificamente e não o contrário.

As evidências constatadas pela observação direta e percebidas pelo senso comum são o ponto de partida para a verdadeira ciência. E não defesas cegas, em nome de doutorados sem cheiro de chão, de opiniões que favorecem os lucros de empresas veneneiras.

Mas agora não sou eu que saio por aí falando do que ouço e vejo pelos grotões do país. É a confederação dos grandes produtores, a CNA (quem diria, os apaixonados da primeira hora) que estão denunciando e cobrando os prejuízos provocados pela ineficácia do milho transgênico no controle das lagartas.

E publicado pelo jornal Valor Econômico (quem diria, de novo, e com espanto) um dos jornais que cravava a pecha de neo-ludistas a nós, que fazíamos críticas sérias e coerentes ao entusiasmo infantil na adesão cega à moda transgênica.

Leiam a reportagem e tirem suas conclusões. Não deixem de rir, por favor, quando sugerem que o agricultor faça “áreas de refúgio”, isto é, plante uma parte para colher e outras para as lagartas comerem. É sério, eles propõe isto, “em nome da ciência”.

  “CNA teme ataque de lagartas ao milho transgênico do país”

Por Mariana Caetano  do Valor Econômico Publicado em 17/05/2014.

“SÃO PAULO  –  A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está preocupada com o ataque de lagartas às lavouras de milho transgênico, que deveriam resistir à praga. Segundo a entidade, os agricultores do país se queixam da ineficácia do milho Bt, que incorpora por meio de engenharia genética uma toxina da bactéria Bacillus thuringiensis com ação inseticida.

O tema foi discutido nesta quinta-feira durante reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA. “O milho Bt não trouxe os resultados esperados. Ainda não dá para quantificar o prejuízo, mas esperávamos um milho mais resistente às pragas”, afirmou o presidente do colegiado e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato), Rui Prado.

Segundo Prado, a comissão irá ouvir relatos de mais produtores para reivindicar medidas que minimizem os danos ao setor, como a regulamentação do uso desta variedade BT. Uma das ações em estudo pela CNA diz respeito ao refúgio, que é o uso de uma parte da lavoura de milho híbrido sem a tecnologia Bt, que poderia ajudar a diminuir a proliferação de insetos resistentes à variedade.”      

*Frei Sergio é parte da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores e do Instituto cultural Padre Josimo