MST ocupa rádio no Sertão de Sergipe e exige democratização da comunicação
Da Página do MST
Da Página do MST
Nesta quarta-feira (25/06), cerca de 500 militantes do MST ocuparam a emissora de rádio Xodó FM na cidade de Nossa Senhora da Glória (Alto Sertão de Sergipe).
Os trabalhadores rurais denunciaram a forma difamatória e insultante com a qual Anselmo Tavares, locutor do Jornal da Xodó, trata as ações dos movimentos sociais na região, cobrando o direito à resposta.
Segundo Gileno Damascena, da direção estadual do MST, o Jornal da Xodó vem tratando há tempo as questões das lutas pela terra e pela moradia de forma incorreta e preconceituosa, chegando a chamar de “corjas” os trabalhadores rurais do MST.
“Hoje, exercemos o nosso direito de dialogar com a sociedade”, disse Gileno. “A emissora de rádio beneficia de uma concessão pública. Ela deve ser aberta a toda a sociedade. Mas quando difama a ação dos movimentos sociais, a rádio Xodó descumpre sua função social. É isto que estamos denunciando”, explicou o dirigente.
Para José Borges Sobrinho, dirigente do MST em Glória, a discriminação sistemática dos movimentos sociais pelo Jornal da Xodó é mais uma consequência da concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas e ricas famílias e grupos políticos. “Este ato reforça a necessidade de lutar pela democratização dos meios de comunicação no Brasil”, ressaltou.
A mobilização contou com cerca de 500 militantes do MST, que se agruparam frente à sede da rádio Xodó FM. O Movimento reivindicava o direito de expor sua opinião ao vivo no Jornal da Xodó, apresentado pelo Anselmo Tavares.
Diante da recusa do locutor, os manifestantes resolveram entrar e ocupar a rádio. Após uma negociação dentro do estúdio, em presença da Polícia Militar do estado de Sergipe, os integrantes do MST conquistaram o direito à palavra ao vivo durante trinta minutos.
Vários militantes destacaram o papel positivo da ação do MST na região do Alto Sertão sergipano, tendo conseguido, em 30 anos de luta, dividir a terra outrora monopolizada por grandes latifundiários, gerando uma fonte de renda por milhares de famílias camponesas e desenvolvendo a economia da região.
Enquanto os líderes falavam ao vivo no programa Jornal da Xodó, fora do estúdio os manifestantes celebravam a cultura nordestina com forró pé de serra e canções populares.
Frases denunciando Anselmo Tavares como “pistoleiro da comunicação” e reivindicando a “democratização da mídia” foram pichadas nas paredes da rádio. Após o final do programa, os manifestantes se retiraram.
O ato também contou com a presença do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), Levante Popular da Juventude, Movimento Hip-Hop.