Agricultura cubana mostra a importância dos bioinsumos para produção saudável
Por Roberto Salomón*
Da Revista Diálogos do Sul
O uso de biofertilizantes e de biopraguicidas constitui hoje, no mundo e em Cuba, uma alternativa cada vez mais viável para encarar as dificuldades que enfrenta a produção agrícola, e, também os altos preços e os perigos para a saúde e vida do planeta dos produtos agroquímicos.
Alguns dados ilustrativos
Por Roberto Salomón*
Da Revista Diálogos do Sul
O uso de biofertilizantes e de biopraguicidas constitui hoje, no mundo e em Cuba, uma alternativa cada vez mais viável para encarar as dificuldades que enfrenta a produção agrícola, e, também os altos preços e os perigos para a saúde e vida do planeta dos produtos agroquímicos.
Alguns dados ilustrativos
Segundo publicações internacionais, já são utilizados globalmente não menos do que 380 milhões de dólares em bioprodutos, e esta cifra está aumentando notavelmente, dadas suas vantagens para a agricultura e os ecossistemas.
Neste momento sua utilização em todo o mundo cresce num ritmo de 15% anuais, uma vez que cada vez mais são considerados uma alternativa viável de substituição dos produtos químicos.
Calcula-se que, em 2020, sejam destinados à produção desses meios ecológicos cerca de 18 bilhões de dólares, um número que segundo especialistas será maior que o destinado naquele momento à fabricação de agroquímicos.
De fato, as empresas que trabalham com estes últimos estão destinando cifras crescentes à produção daqueles, pois sabem que seu uso será a tendência predominante.
Não é por acaso que organizações e instituições internacionais põem cada vez mais ênfase na necessidade de produzir alimentos sadios para uma população em constante crescimento, o que se traduz em um apelo para a utilização de meios alternativos frente ao abusivo emprego de praguicidas e fertilizantes químicos.
Auge dos bioprodutos em Cuba
A produção de bioprodutos em Cuba, hoje uma indústria que cresce e se multiplica, tem como antecedente mais próximo o surgimento da crise econômica ocorrida depois do desaparecimento do socialismo na Europa do Leste e na antiga União Soviética, os principais sócios desta ilha naquele momento, à qual forneciam, em condições vantajosas, os produtos necessários para sua agricultura.
Esta se baseava na disponibilidade de insumos de fertilizantes e praguicidas químicos além de outros produtos necessários a sua produção agrícola, e quando se viu, da noite para o dia, sem essas possibilidades, teve que apelar para adubos tradicionais e para o controle biológico das pragas, e dirigiu nesse sentido boa parte da atividade de pesquisa das instituições existentes.
Começou assim o emprego de métodos tradicionais -inclusive da tração animal- e o desenvolvimento da produção urbana de alimentos mediante organopônicos e outros métodos.
Em entrevista exclusiva a Prensa Latina, o diretor do grupo empresarial Labiofam, José Antonio Fraga, enfatizou a importância do uso dos bioprodutos:
Dados os efetos daninhos sobre o solo e a saúde humana do uso excessivo de praguicidas e fertilizantes químicos, o mundo tem a obrigação -e Cuba é um exemplo do que se pode fazer- de ir substituindo esses produtos pelos de tipo biológico, compatíveis com o meio ambiente.
Atualmente -afirmou- executa-se no país um programa prioritário, apoiado pela direção do Governo e controlado pelos ministérios da Economia e Planejamento e Agricultura, destinado à produção em massa de bioprodutos.
Vizinha à sede dessa entidade empresarial, na capital, está em fase bastante avançada a construção de uma fábrica com capacidade para produzir anualmente seis milhões de litros de bioprodutos.
Fraga também informou que já começaram os trabalhos para a construção, na província central de Villa Clara, de outra fábrica semelhante, enquanto prevê-se para janeiro próximo o começo da montagem de uma terceira em Granma, a cerca de 800 quilômetros a Leste de Havana.
Enquanto isso, adaptam-se instalações ociosas em diferentes pontos do país para ativar ainda mais a produção de bioprodutos e potencializar a capacidade dos Centros Reprodutores de Entomófagos e Entomopatógenos existentes no setor agrícola.
Labiofam centraliza a produção de bioprodutos, uma atividade integradora, utilizando também as contribuições dos centros de pesquisa pertencentes ao ramo e ao Grupo Açucareiro Azcuba.
Cabe destacar que a entidade está a ponto de concluir uma fábrica na Tanzânia, com um duplo propósito: contribuir para o desenvolvimento agrícola com a produção de bioprodutos e para a erradicação de doenças como a malária a partir dos biolarvicidas que a fábrica também vai produzir.
Uma ampla gama de bioprodutos
A empresa dispõe de um amplo leque de produtos, em benefício da maioria dos cultivos, desde grãos e hortaliças, até frutas.
Entre essas ofertas estão praguicidas, nematicidas, produtos contra ácaros, fungicidas, fertilizantes, bioestimulantes, reguladores e outros, não poucos dos quais ganharam notoriedade.
Labiofam, una empresa socialista de êxito, nasceu na década de 1960, frente ao desabastecimento de vacinas e medicamentos e visando o necessário desenvolvimento da pecuária.
Atualmente fornece quase todos os medicamentos veterinários necessários ao país e há fábricas biotecnológicas na China, Vietnam, Argentina e outros países, para a produção e comercialização de produtos biotecnológicos assim como 82 projetos de pesquisa.
*Prensa Latina de La Habana para Diálogos do Sul – Tradução de Ana Corbisier.