Eucalipto transgênico pode causar graves danos ao ecossistema


Por Maura Silva
Da Página do MST


Uma audiência pública sobre o eucalipto transgênico foi realizada nesta quinta-feira (04/09), em Brasília, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

O encontro é parte do processo de liberação comercial do eucalipto geneticamente modificado, produzido pela FuturaGene, uma das empresas do grupo Suzano Papel e Celulose. Durante a audiência, questionamentos referentes à insuficiência dos estudos apresentados foram levantados.

Por Maura Silva
Da Página do MST

Uma audiência pública sobre o eucalipto transgênico foi realizada nesta quinta-feira (04/09), em Brasília, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

O encontro é parte do processo de liberação comercial do eucalipto geneticamente modificado, produzido pela FuturaGene, uma das empresas do grupo Suzano Papel e Celulose. Durante a audiência, questionamentos referentes à insuficiência dos estudos apresentados foram levantados.

Porta-vozes da empresa já declaram que a FuturaGene não realizou, por exemplo, estudos específicos para comparar o consumo de água da variedade transgênica com a variedade convencional.

Para o engenheiro agrônomo João Dagoberto dos Santos, essa foi uma audiência com cartas marcadas, uma vez que os questionamentos de todos os setores envolvidos e contrários não foram respondidos.

“Esse é um fator que representa ameaças ambientais de longo prazo para ecossistemas ricos em biodiversidade. Ameaças que podem ser difíceis, senão impossíveis de prever e avaliar”, diz.

Ainda para João, o processo genético foi desenvolvido com o objetivo comercial de aumentar a produção de celulose em maior escala e em menor tempo, e pode causar danos imprevisíveis ao ecossistema.

“O escape de pólen ou semente de árvores de eucalipto geneticamente modificadas pode colocar em risco a vida natural”, salienta.

O agrônomo lembrou que nas fazendas de eucalipto não se registra o mesmo padrão de controle ambiental verificado nos imóveis rurais pertencentes às companhias.

“Quem faz o plantio de eucalipto está fadado a lidar com a árvore para o resto da vida. O eucalipto imobiliza a terra para sempre e deixa o solo morto”, diz.

Outro fator citado por João são os danos causados as população de abelhas e à produção de mel no país.

“Cerca de 25% do mel produzido no Brasil vem do eucalipto. Com base nos estudos apresentados, não dá para dizer que o mel produzido a partir destes eucaliptos é seguro para consumo. Não sabemos o que vai acontecer com os 350 mil apicultores brasileiros que dependem da produção de mel para sobreviver. Isso sem falar da produção orgânica de mel, própolis, pólen e geleia real. Liberar o eucalipto transgênico sem estas respostas é uma temeridade, uma irresponsabilidade”, finaliza.

Ações de repúdio

O Forest Stewardship Council (FSC), grupo independente de certificação florestal do qual o Brasil faz parte, irá se reunir na Espanha, na próxima semana. Movimentos e organizações pressionam para que a entidade discuta o eucalipto transgênico e se desvincule da Suzano caso sua liberação seja aprovada.

No Brasil, duas cartas encabeçadas pelo MST, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Terra de Direitos, assinadas por 260 grupos de mais de 40 países foram entregues à CTNBio. Os documentos exigem a rejeição do pedido solicitado pela empresa Suzano Papel e Celulose (clique aqui para ler a carta) .

Vale ressaltar que a Convenção de Biodiversidade, da qual o Brasil é signatário, recomenda cautela com relação ao plantio de árvores geneticamente modificadas.