“Agradecemos a imensa solidariedade com o Acampamento Dom Tomás”

 

Da Página do MST


Foram inúmeras as manifestações de apoio que as famílias Sem Terra do Acampamento Dom Tomás Balduino – que ocupam a Agropecuária Santa Mônica, do senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), entre os municípios de Alexânia, Corumbá e Abadiânia (GO) – receberam diante da liminar que autorizava a reintegração de posse da área, suspensa na última sexta-feira (21).

 

Da Página do MST

Foram inúmeras as manifestações de apoio que as famílias Sem Terra do Acampamento Dom Tomás Balduino – que ocupam a Agropecuária Santa Mônica, do senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), entre os municípios de Alexânia, Corumbá e Abadiânia (GO) – receberam diante da liminar que autorizava a reintegração de posse da área, suspensa na última sexta-feira (21).

Desse apoio, chegou a circular uma carta em Defesa das Famílias Sem Terra e contra a desapropriação do Complexo Santa Mônica Agora, que obteve muitas adesões.

Agora, como gratidão à solidariedade recebida por diversos setores da sociedade, a direção estadual do MST em Goiás escreve uma carta de agradecimento a todo força demonstrada durante aquelas tensas semanas.

Abaixo, confira a carta na íntegra:

Carta de Agradecimento

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra do estado de Goiás está há 30 anos na incansável luta contra o latifúndio e pela realização da efetiva reforma agrária. Nessa longa e dura caminhada sempre teve papel fundamental a solidariedade de outros movimentos populares, organizações políticas, partidos, igrejas, universidades e pessoas. Nos momentos difíceis, de enfrentamentos contra jagunços, ruralistas e o Estado, mas também nos momentos de conquista e confraternizações, milhares de companheiros e companheiras apoiadores se fizeram presentes, de diferentes formas, todas elas importantes.

Esta mesma solidariedade foi determinante nesse período tão especial da luta de classes, onde estamos construindo a já histórica ocupação Dom Tomás Balduíno. Jamais, em todas essas três décadas, tivemos uma ocupação tão grande e que tenha conseguido persistir por tanto tempo dentro de um latifúndio. Tal feito é proporcional ao tamanho da guerra: temos clareza que não enfrentamos “apenas” um latifundiário, mas sim a síntese do poder capitalista, articulado em um Eunício Oliveira que é latifundiário, milionário, senador e com grande influencia na mídia (não podemos esquecer que ele foi ministro das Comunicações no primeiro governo Lula) e no poder judiciário.

Por isso, agradecemos a imensa onda de solidariedade que se deflagrou desde a decisão do governo estadual de cumprir realizar o despejo das famílias, anunciando uma tragédia que alcançaria proporções históricas. A decisão do Tribunal de Justiça, expedida às 19h30 da sexta-feira, dia 21 de novembro, é clara, ao reconhecer que a mobilização em torno da defesa das famílias acampadas no Dom Tomás Balduíno reuniu os mais diferentes setores da sociedade.

Cada apoio, individual ou institucional, compôs uma muralha que nem o grande poder do senador Eunício de Oliveira conseguiu destruir.

Sabemos que nossa tarefa não será fácil. Essa é uma luta prolongada. A vitória que veio com a suspensão do despejo não permite nos acomodar. Ao contrário, entendemos que esse tempo conquistado deve ser utilizado intensamente para dar saltos de qualidade em várias frentes, as quais já estão sendo construídas juntamente com as famílias acampadas, que, felizes com a decisão, aumentaram sua disposição por conquistar aquele latifúndio para que ali, onde havia morte, agrotóxicos, repressão, vingue a diversidade, a produção de alimentos, a vida digna, os elementos de uma nova sociedade.

Esperamos continuar contando com a solidariedade e colaboração de cada um e cada uma. Nesse sentido, construímos nesse fim de semana a proposta de criação de um Comitê Permanente de Solidariedade ao Acampamento Dom Tomás Balduíno. Esperamos potencializar todo esse esforço coletivo de apoio à desapropriação do Complexo Santa Mônica e assentamento das famílias, nos preparando com ainda mais qualidade para as próximas batalhas, que não tardarão acontecer. Assim que constituído o Comitê, informaremos a todas e todos que queiram se somar. E, para os que estão próximos fisicamente, a Ocupação Dom Tomás Balduíno está de braços abertos para recebê-los nessa terra que já tem muita produção, muita vida, muita alegria. Temos certeza que a semente que plantamos no coração daquele latifúndio dará uma bela arvore, como as do nosso Cerrado, resistentes e tão generosas para com os povos que dela se alimentam.

Corumbá, 24 de novembro de 2014

Direção Estadual do MST-Goiá