Nobel Alternativo pede ao governo brasileiro fim da impunidade no campo
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
A cerimônia do Prêmio Nobel Alternativo, que ocorreu nesta segunda-feira (1), premiou diversas personalidades e membros de organizações sociais que lutam por mudanças sociais no mundo.
Distribuído pela fundação Right Livelihood Award, sediada em Estocolmo, o prêmio tem como objetivo reconhecer e ajudar essas iniciativas.
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST
A cerimônia do Prêmio Nobel Alternativo, que ocorreu nesta segunda-feira (1), premiou diversas personalidades e membros de organizações sociais que lutam por mudanças sociais no mundo.
Distribuído pela fundação Right Livelihood Award, sediada em Estocolmo, o prêmio tem como objetivo reconhecer e ajudar essas iniciativas.
O MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que receberam o prêmio em 1991, foram convidados a participar da cerimônia. No discurso de abertura do prêmio, Jakob von Uexkull, o fundador da Right Livelihood Award, citou os movimentos brasileiros.
“Novamente, nossos sentimentos estão com os bravos membros do MST e da CPT, que novamente viram colegas e amigos assassinados na sua luta por terra e uma vida digna. Nós pedimos que o governo brasileiros tome medidas imediatas para assegurar que os mandantes e executores desses assassinatos sejam levados à justiça e que se ponha um fim no clima de impunidade que ainda prevalece no país”.
O ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Edward Snowden, recebeu um prêmio honorário neste ano, por revelar a vigilância estatal que “viola processos democráticos básicos e direitos constitucionais”, assim como Alan Rusbridger, diretor do jornal britânico The Guardian, que revelou os documentos vazados pelo ex-analista.
Snowden, que participou da cerimônia via internet, afirmou que é “improvável” que as mudanças defendidas por ele aconteçam em breve, mas mostrou seu compromisso com essa luta.
Ele ainda disse não se arrepender de ter divulgado a trama de espionagem em massa das comunicações telefônicas e de internet a cargo dos Estados Unidos. “Tudo o que sacrificamos valeu a pena, faria outra vez”.
“Sempre pensei nos repórteres como abelhas – essenciais para a existência em um ecossistema de informação sobre nós mesmos. Durante o ano em que Snowden revelou os segredos da NSA, meu respeito por jornalistas e advogados cresceu ainda mais: os repórteres e editores que habilmente encontraram o que devia ser denunciado; e os advogados que nos defenderam quando publicamos as denúncias”, declarou Alan Rusbridger.
Direitos humanos e mudanças climáticas
Foram premiados também representantes de organizações de direitos humanos. Bill McKibben, representante da ONG ambientalista 350.org, alertou da urgência de se lutar contra os fatores que causam o aquecimento global, como os combustíveis fósseis.
“2014 foi o ano mais quente da história recente. Aprendemos também que, infelizmente, a camada de gelo que foi derretida no Antártico não irá se recompor. Nós do movimento ambiental sabemos que só é possível enfrentar a indústria dos combustíveis fósseis- com seu dinheiro que compra políticos e espalha desinformação – com a força dos movimentos. No mundo todo, esse movimento está surgindo: em setembro, 400 mil pessoas ocuparam as ruas de Nova Iorque para exigir da ONU uma ação em relação ao clima; o mesmo ocorreu em mais 2600 cidades ao redor do mundo”.
A advogada paquistanesa Asma Jahangir discursou sobre a opressão e falta de direitos que as mulheres sofrem ainda hoje em todo mundo. “As mulheres continuam sendo mortas em nome da honra, e seus assassinos seguem impunes pela lei. Os direitos das mulheres avançam, mas há forças que negam às mulheres direitos básicos, como o acesso à educação. Existem sociedades onde uma mulher não pode casar com a pessoa que quer, ou é espancada se sair de casa sem um homem ao seu lado. Existem governos que proíbem mulheres de dirigir um carro!”
Por fim, Basil Fernando, da comissão de Direitos Humanos Asiática, afirmou que ainda existem muitos lugares no mundo, principalmente os países em desenvolvimento, em que brutalidades como a tortura, é utilizada regularmente pelo sistema judiciário.
“Sempre que intervimos em uma situação, escutamos a mesma pergunta das vítimas: ‘vocês falam de direitos humanos…onde é que eles estão?’. Nossa missão principal é fazer com que os direitos humanos sejam respeitados nos países em desenvolvimento, mas para isso, é preciso que ocorram mudanças institucionais fortes”.