Após campanha de solidariedade, Sem Terra celebram liberdade dos 5 cubanos
Por Maura Silva
Da Página do MST
O presidente de Cuba, Raul Castro, anunciou na tarde desta quarta-feira (17), a liberdade dos três últimos prisioneiros cubanos que, há mais de 16 anos, permaneciam presos nos EUA acusados de espionagem.
Desde 2012 diversas organizações sociais retomaram a Campanha pela Liberdade dos cinco Cubanos, e o MST foi uma das organizações que encabeçou a iniciativa.
Por Maura Silva
Da Página do MST
O presidente de Cuba, Raul Castro, anunciou na tarde desta quarta-feira (17), a liberdade dos três últimos prisioneiros cubanos que, há mais de 16 anos, permaneciam presos nos EUA acusados de espionagem.
Desde 2012 diversas organizações sociais retomaram a Campanha pela Liberdade dos cinco Cubanos, e o MST foi uma das organizações que encabeçou a iniciativa.
Para Carmem Diniz, do coletivo de relações internacionais do MST e Coordenadora do Comitê Carioca pela Liberdade dos Cinco Cubanos, esse foi um dia histórico, de vitória, pois, embora essa decisão não signifique o fim do bloqueio comercial imposto a Cuba, é um passo rumo à verdade e a justiça.
“É uma decisão para ser comemorada, é o fim de uma batalha que durou dezesseis anos. Ambos os governos já vinham dando sinais de um possível diálogo e de restabelecimento das relações democráticas”, comentou Carmem.
Em 2013, Carmem esteve em Cuba com os familiares dos presos para levar a solidariedade do Movimento. “Percebi que aquele gesto era muito importante, especialmente para as mães deles, que conheciam o Movimento e tinham no MST uma referência, e demonstraram muita gratidão pelo apoio” (Na foto ao lado, Rene Gonzales, um dos presos, com o boné do MST).
Para ela, as movimentações populares realizadas em toda a América Latina foram fundamentais para a retomada das negociações.
“O MST cumpriu com um papel importantíssimo quando iniciou a campanha pela liberdade dos cinco cubanos. O Movimento levou para dentro da luta pela Reforma Agrária a luta do povo cubano. Essa é a solidariedade que aprendemos a ter quando levantamos as mesmas bandeiras de luta”, afirma.
Em 2013, foi a vez das crianças Sem Terrinha também encabeçarem essa bandeira. Desde então essa se tornou uma das principais pautas na Jornada Nacional de Luta dos Sem Terrinha, realizada todo ano no mês de outubro.
Para Márcia Ramos, do setor de educação do MST, “essa solidariedade tem origem no internacionalismo, e o processo do Movimento permite com que esse olhar seja passado para as crianças”.
Papa
O anúncio aconteceu no dia do aniversário de um dos interlocutores das negociações, o Papa Francisco que, num ato inédito, recentemente recebeu no Vaticano diversos movimentos sociais do mundo inteiro para debater e analisar as causas da exclusão social.
Na ocasião, o Papa recebeu das mãos do representante do MST, João Pedro Stedile, uma carta assinada por diversas organizações que pediam a libertação dos presos cubanos.
Hoje, em seu discurso de agradecimento, Raul Castro agradeceu o empenho de todos no mundo inteiro, e fez um agradecimento especial ao Papa.
“Naquele encontro, o Papa classificou a Reforma Agrária como uma “obrigação moral” para reduzir as desigualdades e garantir o acesso da população a terra. Dito isso, ele recebeu do MST uma carta em que pedíamos a libertação dos presos cubanos. Entendemos que as desigualdades não podem ser cometidas em nenhuma instância, esperamos que o nosso pedido e a nossa luta pela liberdade dos cubanos tenha sido também considerada, uma vez que sabemos que a intermediação do Papa foi fundamental para esse acordo”, observa Carmem.
Para ela, a solidariedade entre os povos, um dos princípios básicos do Movimento, é uma das coisas mais importantes da organização.
“Se revoltar contra qualquer injustiça contra qualquer povo é algo fundamental. Até por isso muitas vezes somos mais reconhecidos lá fora do que aqui no Brasil. O princípio da solidariedade, como o Movimento também faz com a Palestina, é inclusive uma herança de Cuba. A bandeira do Internacionalismo é importante para não perdermos o foco sobre o nosso principal inimigo, o imperialismo”, acredita.