MST começa o ano trancando rodovias federais no Mato Grosso do Sul
Por Karina Vilas Boas
Da Página do MST
O MST trancou as principais rodovias federais do Mato Grosso do Sul, desde a manhã desta segunda-feira (05/01), reivindicando ações imediatas pela Reforma Agrária Popular.
Participam da atividade de 150 a 300 assentados e acampados em cada ponto de bloqueio. As rodovias são a BR 163 (Trevo de Itaquiraí e Anhandui), BR 267 (Casa Verde) e BR 262 (Terenos).
As ações dessa jornada começaram no dia 1°, na posse da presidenta Dilma Rousseff, quando o Movimento reivindicou em todo país que neste ano sejam assentadas no mínimo 120 mil famílias em todo o Brasil, e no decorrer do governo 50 mil famílias por ano.
Além disso, o MST também contesta a escolha do nome de Kátia Abreu (PMDB), como ministra da agricultura, pois ela representa um segmento atrasado de latifundiários, que não alcançou o patamar de produtividade para atender as demandas da economia brasileira.
Ela tem raízes em um segmento que tem a terra como um instrumento de poder e reserva de patrimônio, sem vocação para a produção, sem qualquer responsabilidade com a preservação do meio ambiente e que vê no fortalecimento da agricultura uma oportunidade para especulação, tanto para vender a propriedade como para o arrendamento.
No Mato Grosso do Sul, o Movimento possui reivindicações centrais como a liberação imediata das áreas vistoriadas, que possuem confirmação de serem para a Reforma Agrária, vistorias paralisadas das áreas e reestruturação emergencial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que está sucateado.
De acordo com Marina Ricardo Nunes, da coordenação nacional do MST, somente com ações de impacto como essa que os poderes constituídos olharão para as questões sociais, como a Reforma Agrária Popular, no seu contexto amplo.
“Atualmente temos 90 mil famílias do MST acampadas em todo o país, mais de três mil no estado, hectares sem fim do latifúndio que podem virar assentamentos. Não podemos fechar nossos olhos para a necessidade de irmos às ruas exigir a Reforma Agrária Popular e democrática, queremos a terra e condições dignas para produzirmos”, afirma.
Marina disse ainda que a luta do movimento é pela soberania alimentar, e por isso a expressão Reforma Agrária Popular. “Precisamos lutar pela garantia da Soberania Alimentar, ou seja, o direito dos povos decidirem sobre o que plantar, quanto plantar e que a produção seja destinada em primeiro lugar para alimentação, pois as produções das monoculturas (soja, milho, cana-de-açúcar) carregadas de agrotóxicos, além de prejudicar a saúde da humanidade, não são para alimentação e sim para exportação, visando apenas o lucro pelo lucro”, disse.
As manifestações seguiram até o meio dia desta segunda-feira e logo após o bloqueio, o Incra no estado confirmou uma agenda para a próxima quarta-feira (07/01) para se debater questões dos acampamentos e assentamentos.