Cerca de 600 pessoas participam da celebração de 10 anos da ENFF

Construída pelo trabalho voluntário de cerca mil Sem Terra, a ENFF tem o objetivo de garantir a formação da classe trabalhadora.

 

10 anos ENFF.jpg
Foto: Rafael Stedile

Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

São muitos os fatos marcantes para serem recordados no ano de 2015 no que tange as conquistas e perdas na luta pela terra. Dez anos do assassinato de Dorothy Stang, 10 anos da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, de Goiânia a Brasília, 20 anos do Instituto de Educação Josué de Castro (IEJC).

É o ano também, de se comemorar os 10 anos da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

Para confraternizar e festejar essa década de existência, cerca de 600 pessoas estiveram presentes na ENFF, em Guararema (SP), no último sábado (24), comemorando os 10 anos da Escola, onde também participaram do prêmio Luta pela Terra, em que foram homenageados 22 lutadores que se destacaram em defesa da lutas trabalhadores.

Construída pelo trabalho voluntário de cerca mil trabalhadores Sem Terra, num terreno de 120 mil m2, a ENFF foi inaugurada no dia 23 de janeiro de 2005, e tem como objetivo garantir as necessidades de formação formal e informal de camponeses e camponesas, militantes de movimentos sociais e organizações políticas da classe trabalhadora.

10 anos_ENFF.jpg
Max Altman, Ermínia Maricato e Maria Rita Khel durante a celebração dos 10 anos da ENFF. Foto: Rafael Stedile

A Escola foi construída com recursos obtidos com a venda da Coleção Terra, que incluía um livro com fotos de Sebastião Salgado, texto de José Saramago e música de Chico Buarque. Os três artistas passaram todo o direito autoral da obra ao MST.

Junto a isso, a solidariedade de centenas de pessoas do mundo inteiro, organizando exposições em diversos países, permitiu angariar recursos para a construção da ENFF.

Para Dejacira Araújo, pedagoga e integrante da coordenação da Florestan, a Escola é uma grande obra construída pela classe trabalhadora, e cada vez mais os trabalhadores precisam se apropriar dos conhecimentos profundos sobre a luta de classes, história, arte, cultura, política e economia.

 

10 anos ENFF_viola.jpg
Foto: Rafael Stedile

“Essa Escola é uma grande obra, e tem a perspectiva de que possamos cada vez mais avançar na produção de conhecimento, no fortalecimento dos processos de formação da consciência, dando oportunidade para aqueles que tiveram acesso negado ao conhecimento e a escolarização”, acredita.

Mais de 24 mil pessoas ligadas a movimentos sociais do campo e da cidade, de todos os estados do Brasil e de outros países de todos os continentes já passaram por lá para participarem de cursos, seminários, conferências e visitas.

 

10 anos ENFF1.jpg
Foto: Rafael Stedile

Um grupo de mais de 500 professores voluntários, tanto brasileiros quanto estrangeiros, apóiam a escola nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo, Estudos Latino-americanos, entre outras temáticas.

Além disso, oferece cursos superiores e de especialização, em convênio com mais de 35 universidades públicas. A ENFF também mantém convênio com mais de 15 escolas de formação em outros países.
Para o professor José Paulo Neto, vice-diretor da Escola de Serviço Social da UFRJ e Doutor em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a ENFF já não pertence apenas ao MST, ela é patrimônio das massas trabalhadoras.

“A ENFF é de todos e todas que nesse país da casa grande senzala lutam e contribuem para a libertação social e emancipação humana. Libertação e emancipação que frutos das lutas sociais só se tornaram viáveis se os sujeitos, individuais ou coletivos, se elevarem ao máximo de consciência possível, apenas alcançadas com a sistemática formação teórica e política, e a ENFF se constitui hoje no Brasil como o mais importante instrumento dessa formação”, destacou.

A socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan, afirmou que “nesses dez anos, a Escola fincou raízes e fortaleceu seu firme propósito de formar militantes que estejam cultural, política e moralmente qualificados para a luta social dos trabalhadores, especialmente a reforma agrária”.

Durante sua fala, Heloísa lançou a nova edição do livro A Contestação Necessária, de Florestan Fernandes. Nele, Florestan revela suas referências intelectuais, políticas e éticas. Traça retratos sociológicos de inúmeros intelectuais e militantes que contribuíram para as lutas da classe trabalhadora, como Antonio Cândido, Caio Prado Jr., Carlos Marighella, Claudio Abramo, Fernando de Azevedo, entre outros.

10 anos ENFF heloisa.jpg
Heloísa Fernandes destacou o papel que a ENFF cumpre a toda classe trabalhadora. Foto: Rafael Stedile

Para manter em funcionamento a Escola, os recursos são obtidos por doações de organizações e movimentos sociais, financiamento de projetos nacionais e internacionais, além da colaboração individual voluntária.

Para colaborar com a ENFF, clique aqui e acesse a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes.

10 anos ENFF criança.jpg
Foto: Rafael Stedile