Em Minas, Sem Terra trancam rodovia e exigem Reforma Agrária

87% dos assentamentos no estado ainda não possui água potável, e 70% não têm habitações financiadas pelo governo.

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Da Página do MST

Mais de 3 mil trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra realizam manifestações em todo o estado de Minas Gerais nesta quarta-feira (11). O MST denuncia a paralisação da Reforma Agrária no país.

As principais rodovias do estado estão bloqueadas, com o objetivo de chamar atenção da situação das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país, algumas há mais de 15 anos.

A Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, além de denunciar a falência do modelo do agronegócio para o campo, propõe a agroecologia como alternativa de produção de alimentos.

Segundo Sílvio Netto, da direção estadual do MST, o diálogo com o governo petista de Fernando Pimentel está estabelecido,“mas os camponeses mineiros precisam de políticas concretas, não de mais promessas”, afirma.

Zona da Mata

Na Zona da Mata, em Minas Gerais, o MST trancou BR 120, próximo ao km 669, na manhã desta quarta. A ação integra a jornada nacional de lutas em defesa da Reforma Agrária, com objetivo de denunciar a paralisia da Reforma Agrária.

O Movimento denuncia a má sinalização da rodovia, responsável por matar três assentados do Assentamento Olga Benário, cortado pela BR 120.

Eles exigem do DNIT a sinalização e implantação de redutores de velocidade no Município de Visconde do Rio Branco, na Rodovia MG 353, e no município de Goianá, onde se localizam os assentamentos da região.

Além disso, os Sem Terra de Minas Gerais denunciam as más condições nos assentamentos, há quase seis anos sem assistência técnica. Oitenta e sete por cento das áreas ainda não possui água potável, e 70% não têm habitações financiadas pelo governo, assim como os créditos para produção de alimentos estão parados.

O MST destaca a necessidade de ampliar o acesso a terra e uma política efetiva de implantação de assentamentos, como saída para geração de emprego e aumento de renda no campo. Além disso, destacam a importância da produção de alimentos saudáveis para todos os trabalhadores, do campo e da cidade, e a urgente preservação da natureza.

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“A liberação e plantio de transgênicos, seja eucalipto, soja, milho, levada ao extremo pelo modelo do agronegócio – respaldado pela gigantesca bancada ruralista que domina o Congresso Nacional -, só enriquece as multinacionais e gera degradação ambiental. Enquanto as terras são envenenadas, os alimentos estão cada dia mais caros”, destaca os Sem Terra em nota.

Lembram ainda que o Brasil consome 20% de toda produção mundial de agrotóxicos, embora a agricultura brasileira represente apenas 3% da produção mundial. Segundo a Anvisa, em dez anos de implantação dos transgênicos o mercado de agrotóxicos cresceu 190%, já a produtividade não aumentou. A soja, por exemplo, nas safras de 1992/2003 cresceu 31%, enquanto a safra 2003/2013 (quando começaram os transgênicos) cresceu apenas 4%. Com tudo isso, são aplicados todo ano em torno de um bilhão de litros de veneno nas plantações brasileiras.

Os Sem Terra apontam como saída o desenvolvimento da agricultura familiar, com base no modelo agroecológico de produção, assentando imediatamente as mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país, com a liberação dos créditos para habitação, produção e implementação de agroindústrias, além de investimento em infraestrutura e escolas com a política educacional voltada para a realidade do campo.

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