Camponeses fazem ato na Paulista e se preparam para esta sexta

Durante a manifestação, foi realizado um "escracho" em frente ao banco HSBC, pelas denúncias de lavagem de dinheiro.

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Por Maura Silva
Da Página do MST

Cerca de 2 mil camponeses do MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Federação de Agricultura Familiar (FAF/Fetraf), se reuniram na tarde desta quinta-feira (12), no vão-livre do MASP. 

Em marcha, os trabalhadores rurais caminharam rumo à sede da Secretaria Geral da Presidência da República, na própria Av. Paulista.

O ato faz parte da Jornada Unitária de Lutas do Campo que já mobilizou mais de 30 mil Sem Terras em ações espalhadas por 23 estados brasileiros. Os trabalhadores rurais permanecem na cidade para o ato desta sexta-feira (13), que pretende juntar mais de 30 mil pessoas no centro da cidade.

Segundo o coordenador do MAB, Gilberto Cervinski, o atual momento político pede a união de todos os movimentos sociais do campo.

“A situação política do país pede para que os povos do campo saiam às ruas para pautarmos temas que são fundamentais para a nossa sociedade como um todo. Estamos em  luta em defesa da Petrobrás, pela reforma política, que só virá através de um Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana, pelos direitos do povo, em especial, o povo do campo, que ainda sofre com a carência de necessidades básicas. Queremos melhores condições de produção, a estruturação dos assentamentos e mais investimentos e saúde e educação”, pontua.

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Entre os Sem Terra, umas das principais demandas é a maior agilidade na aquisição de novas áreas à Reforma Agrária. Muitos dos que estavam presentes no ato estão há anos debaixo da lona preta, como é o caso de Elizeu Nunes, há mais de 10 anos acampada no acampamento Santa Maria da Conquista, na região de Sorocaba.

“Moro com minha família às margens da rodovia. Estamos aguardando a emissão de posse da área ocupada que, oficialmente, era pra ter saído há mais de três meses. Somos cerca de 50 famílias numa área privada e arrendada que já foi destinada para Reforma Agrária. Passamos por dificuldades diárias, não conseguimos plantar e produzir sem a emissão de posse”, desabafa. 

Para Joaquim Modesto, da direção estadual do MST, no atual contexto político a unificação dos movimentos do campo é necessária para que os direitos dos povos camponeses sejam mantidos. 

“Esse ato faz parte da pauta oficial do MST que é a luta pela Reforma Agrária e pelos direitos dos povos do campo e da cidade. Não podemos recrudescer nesse momento, por isso a nossa presença nas ruas tem sido massiva nos últimos dias”, afirma.

No escritório da Presidência da República, uma comissão de 15 representantes dos movimentos foi recebida pela Secretária Geral da Presidência do estado, Nilza Fiuza. 

Pautas

Na reunião, a comissão apresentou as demandas do campo, como a falta de investimentos em programas específicos e a burocratização dos já existentes, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Para Delveque Matheus, da direção nacional do MST, a Reforma Agrária está sofrendo um retrocesso. 

“Temos 120 mil pessoas acampadas e nenhuma delas têm menos de cinco anos de acampamento. O Incra (Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária) se tornou um órgão inoperante, uma casa burocrática, sem recursos. Sabemos que o Incra é um instrumento histórico pela luta da Reforma Agrária, mas é um órgão que precisa ser operacional”, afirma Delveque.

Como exemplo, ele utilizia o programa ‘Minha Casa Minha Vida no Campo’, cuja “burocracia é tão grande que os assentados não conseguem ter uma casa. Hoje temos 175 mil contratos que estão com processo de análise parados, ou seja, de tão burocrático é um programa inoperante”, colocou. 

“Exigimos uma agenda com o alto escalão do governo para que possamos apresentar as nossas demandas e, com isso, termos o respaldo necessário para avançarmos em nossas lutas”, disse Cervinski, do MAB. 

Para ele, “diante da atual conjuntura política sabemos que temos que mostrar nossa força nas ruas para que a direita desse país não cresça ainda mais. Sabemos que neutralizar a Petrobrás é neutralizar qualquer possibilidade de crescimento e desenvolvimento desse país”. 

Cervinski ressaltou que o governo “precisa entender que quem está enfrentando a direita é quem está nas ruas, por isso precisamos que ele nos ajude em nossas pautas. Nós fomos às ruas e elegemos a presidente Dilma, depois o diálogo dela para com o povo foi de baixa intensidade, essa baixa intensidade não se reverteu em avanços para os povos do campo e a classe trabalhadora”.

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Outros temas como questão hídrica, o avanço do agronegócio, a política de direitos da classe trabalhadora, reforma política e fechamento das escolas do campo também foram levantados durante a conversa que durou cerca de uma hora. 

Diante das pautas apresentadas, uma nova reunião foi agendada para a próxima semana, com representantes do Incra, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

HSBC

Logo após a reunião, os trabalhadores rurais realizaram um “escracho” em frente ao banco HSBC, na Avenida Paulista. O objetivo do protesto foi denunciar a instituição financeira pela participação em diversos escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro. 

As denúncias ocorreram após o vazamento de dados do HSBC de 106 mil clientes de 203 países. Suspeita-se que há um esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos praticados por uma lista de “clientes ricos do banco HSBC”, que possuem contas secretas em uma filial na Suíça. A suspeita é de que esse tipo de conta era usada para sonegar impostos, esconder renda, patrimônio e dinheiro sujo. A denúncia é de que o banco orientava e ajudava a praticar estes crimes e estas remessas para as “contas na Suíça”.

Existe uma lista de aproximadamente 6.600 contas, de 8.667 clientes brasileiros com mais de R$ 20 bilhões em depósitos entre 2006/2007. As contas pertencem à banqueiros, empresários ricos, políticos, artistas, desportistas, etc.

A denúncia foi feita por um “consórcio Internacional de jornalistas investigativos”, que obteve informações de um ex-funcionário do HSBC que trabalhava no setor de tecnologia de Informação do banco.

Segundo Gilberto Cervinski, o HSBC é a ponta de um esquema inteiro de fraudes de grandes bancos. “O HSBC é o local onde a direita brasileira lava o dinheiro sujo. A mídia fala muito sobre a corrupção  da Petrobrás, que foi algo em torno de 2 bilhões de reais. Aqui no HSBC, a quantia sonegada foi algo em torno de 21 bilhões de reais. Se a mídia fosse seguir a risca o tempo que se fala do Lava Jato, teriam que fazer a programação inteira falando sobre o roubo que representa o HSBC”, apontou Cervinski.