Em Goiás, jornada debate a luta pela terra e a violência no campo brasileiro
Por Iris Pacheco e Mara Carvalho
Da Pagina do MST
Na última quarta-feira (15), a Universidade Estadual de Goiás recebeu a II Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária, com a participação das instituições de ensino superior do município, como o Instituto Federal de Goiás (IFG), Universidade Federal de Goiás e a própria (UFG) Universidade Estadual de Goiás (UEG).
A mesa de abertura: “Reforma Agrária: Atualidade da luta pela terra no Brasil”, apresentou vários dados, entre os quais, destacou-se o aumento da violência no campo, que de acordo dados da Comissão Pastoral da Terra, em 2014 as tentativas de assassinatos apresentou um aumento de 273%.
Para o professor Murilo Souza, da UEG, em um contexto de nova ascensão da luta pela terra, a Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária tem importância central no embate político acadêmico no ambiente universitário.
“A mesa apresentou elementos que demonstram a atualidade da luta dos trabalhadores sem terra. Os conflitos no campo continuam elevados. É premente, portanto, a ocupação pelos movimentos sociais o debate da luta pela terra nas universidades. A Jornada Universitária permite a consolidação deste processo”, salientou Murilo.
O momento também foi de debate sobre a retomada, pelos movimentos sociais, das ocupações de terra em todo o país, com destaque para o Acampamento Dom Tomás Balduíno, despejado desde o mês de março da Agropecuária Santa Mônica, cuja propriedade com mais de 20 mil hectares, são do Senador e ex-ministro das comunicações do governo Lula, Eunício de Oliveira.
De acordo Gilvan Santos, da coordenação do MST em Goiás, são milhares de famílias acampadas que lutam por justiça e pela construção de um projeto camponês popular para o Brasil.
“A jornada Universitária é um espaço importante para fazer o debate da reforma agrária popular defendida pelo MST, que se apresenta como uma medida estrutural que vai ao encontro das soluções do conjunto da sociedade. Isso perpassa principalmente pelo diálogo articulado sobre os conflitos que atentam contra a vida do povo do campo, pois precisamos nos mobilizar contra a impunidade que os sustenta”, afirmou Gilvan.
Segundo o professor Vitor Freitas, Chefe da Unidade de Ciências Sociais Aplicadas da UFG, a transformação da forma de apropriação da terra é uma questão que transcende os interesses específicos dos trabalhadores rurais.
“É uma questão civilizatória e implica repensar nosso modo de vida planetário, o acesso aos bens essenciais a uma vida mediada pela justiça socioecológica. A reforma agrária é um processo essencial para a construção de um projeto de sociedade nesse sentido”, comentou Vitor.
“A possibilidade de apoiar ações voltadas para a agricultura familiar e vinculadas a luta pela terra é uma ferramenta fundamental na formação técnica e educacional dos nossos estudantes. Que esta parceria se consolide e frutifique em ações concretas na direção de uma nova forma de produzir e organizar o movimento camponês popular”, acentuou o professor Rafael Moreira do Carmo, do Curso de Agroecologia do IFG.
Durante o evento também foi exibido o Vídeo Documentário “Acampamento Dom Tomás Balduíno”, que mostra o processo de ocupação, produção e despejo de mais de 3 mil famílias acampadas em Corumbá de Goiás.
O ato ocorreu no campus da Cidade de Goiás e também contou com a presença de outros movimentos sociais como o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento Terra Livre (MTL), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Levante Popular da Juventude, e entidades como o Comitê de Apoio e Solidariedade ao Acampamento Dom Tomás Balduíno, a Escola Família Agrícola de Goiás e Pastoral Universitária da Diocese de Goiás.