Jornada em Defesa da Reforma Agrária mobiliza mais de 35 universidades
Por Iris Pacheco
Da Página do MST
Ao longo do mês de abril, dezenas de universidades públicas de todo país realizaram a 2° Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária.
Nesta segunda edição, até o momento, mais de 35 instituições de ensino superior, entre campus, institutos e universidades brasileiras desenvolveram atividades em torno da jornada.
Segundo Rafael Villas Bôas, professor da Universidade de Brasília, as Jornadas Universitárias de Apoio à Reforma Agrária tem se consolidado no calendário acadêmico de muitas universidades e institutos federais brasileiros e evidenciado o apoio acadêmico à luta pela terra.
“Elas estão se consolidado no calendário acadêmico de muitas universidades, evidenciando o apoio de muitos docentes, grupos de pesquisa e organizações estudantis à reforma agrária e à luta contra a criminalização dos movimentos sociais, ampliando o compromisso da universidade com a luta pela democracia brasileira”, afirma Villas Bôas.
Historicamente, a Reforma Agrária tem sido escondida do debate acadêmico, sobretudo pelo distanciamento da Universidade das grandes questões que impactam a vida do povo.
A ditadura militar brasileira, iniciada em 1964, deixou marcas profundas na luta pela terra e pela democracia no Brasil. Na universidade, perseguiu os professores e grupos ligados aos movimentos populares urbanos e camponeses.
De acordo com Villas Bôas, a partir daí, “a questão agrária foi retirada do debate nacional, enquanto a imprensa, ou ignorava, ou manipulava as informações sobre a luta pela reforma agrária, enquanto o judiciário perseguia os movimentos, mostrando-se cúmplice por conivência ou omissão com as desigualdades no campo brasileiro”.
Hoje essa falta de debate sobre o tema segue ampliada pela hegemonia dos meios de comunicação em torno do agronegócio.
No entanto, Villas Bôas salienta que o tema da questão agrária e da reforma agrária tem retornado com força à universidade, como os cursos destinados a assentados da reforma agrária, como licenciatura em Educação do Campo, Direito, Pedagogia, Artes, Veterinária, Serviço Social, entre outros.
Para o professor da UnB, a retomada do debate representa que “o sinal emitido para a sociedade e para a imprensa é de apoio coeso de boa parte do ambiente acadêmico à luta popular pela terra, pelo direito à educação, cultura, saúde e direitos humanos das populações camponesas brasileiras”.
Porém, mesmo com esse saldo positivo do processo, aumentar a visibilidade à agenda de democratização da estrutura agrária, social, econômica, política e educacional brasileira, segue como desafio permanente para o conjunto dos movimentos sociais, estudantes, professores e pesquisadores.