Sem Terra vão as ruas na 1º Marcha baiana contra LGBTfobia
Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Por uma Bahia que respeite a diversidade sexual e de gênero, LGBTs de todo estado organizados no MST, em entidades e outros movimentos sociais, marcaram presença no 3º Maio da Diversidade.
As atividades aconteceram desde o dia 4 de maio, no espaço Solar Boa Vista, em Salvador, e culminou na 1º Marcha Estadual contra a LGBTfobia, na tarde deste domingo (17), também na capital.
A marcha estadual foi construída com a colaboração de muitos movimentos que compõe o fórum LGBT e outros que estão nas redes nacionais. O evento também contou com a colaboração do Minicircuito dos Direitos Humanos pela Diversidade.
Os espaços de luta e debate realizados durante o Maio da Diversidade cumpriu o objetivo de alertar a sociedade baiana sobre os crimes de homofobia e promover uma cultura de respeito aos direitos humanos, com foco na população LGBT.
Além disso, oficinas, feiras e atividades artísticas e culturais tiveram o papel de fortalecer a convivência e a sociabilidade enquanto elementos estruturantes da superação da violação dos direitos e de promoção da cidadania.
Rebeca Benevides, lésbica e integrante do Coletivo Universitário pela Diversidade de Gênero (KIU), afirma que “a luta organizada pelos movimentos sociais populares, em especial o LGBT, expressa a unidade política da sociedade contra todo tipo de violência”.
Já a transexual Denise Ventura, diz que não podemos cruzar os braços. “Não queremos migalhas, queremos nossos direitos. Direito de estudar, direito a faculdade, direito a nossa liberdade, respeito. Por isso estamos aqui para realizar nosso ato contra a LGBTfobia”.
Maio da Diversidade
A data do 17 de maio se tornou um marco da luta contra a LGBTfobia após a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1990, deixar de caracterizar os homossexuais como doentes e “compreender a homoafetividade como homossexualidade e não como homossexualismo”, relembra Rebeca.
Ao hastearem a bandeira LGBT, da Via Campesina e do MST, os Sem Terra presentes das lutas e debates denunciaram a violência, opressão, segregação e a falta de políticas públicas às comunidades que vivem no campo.
Os Sem Terra pontuaram também que o estado utiliza as políticas como ferramenta de controle social, imposto pela classe dominante, para permanecer no poder e manter a hegemonia.
De acordo com Wesley Lima, da direção estadual do MST, numa sociedade antagônica, onde uma classe oprime a outra, a educação popular será uma importante ferramenta de inclusão social e cultural para os jovens.
“A educação é uma das nossas principais bandeiras de luta. Ela nos permite compreender e defender nossos princípios, construindo a unidade popular para derrotar o capitalismo”, enfatizou Wesley.
Lutas
Pábulo Mendes, do Conselho Estadual LGBT e presidente da Ong. LGBT Sol, em Jéquie, interior na Bahia, lembrou que o movimento LGBT precisa avançar muito. “Enfrentamos muitas dificuldades, mas temos muitas conquistas, e isso é positivo”.
“Nossa organização como movimento social LGBT garante nossa organicidade e construção de uma base política. Fortalecendo nossas lutas e garantindo avanços significativos”, concluiu Mendes.
Os LGBTs denunciaram a morte cotidiana de diversos jovens, negros, pobres e camponeses, nas pequenas cidades do interior e no campo. Defenderam também a necessidade de um olhar mais atendo a realidade vivida no interior da Bahia.
“Estamos lutando para colocar nossa pauta no campo institucional, garantindo que a Secretária de Desenvolvimento Rural (SDR) faça parte do Conselho Estadual LGBT. Entendemos que a SDR é um espaço importante para pautar as demais questões e fazer relação com as Secretarias e Conselhos de nosso estado”, afirmou Rebeca.
Os Sem Terra também destacaram a necessidade de fortalecer a representação no poder público e colocar em prática a luta contra todas as formas de opressão, para que se construa uma sociedade emancipada.
De acordo com Neuza de Jesus, da direção regional do MST no extremo sul da Bahia, “a transformação social para acontecer deve ser feita de forma coletiva. A luta deve ser de todos. A unidade deve ser a palavra de ordem”.
Durante a marcha, a luta foi protagonizada contra o modelo social machista, patriarcal e capitalista que utiliza e reproduz a violência contra todos.