Paraná sedia 3° Feira de Economia Solidária e Agroecologia
Por Riquieli Capitani
Da Página do MST
Mais de 20 grupos de produtores de toda região de Laranjeiras do Sul, no Paraná, comercializaram produtos orgânicos, como hortaliças, frutas, raízes, tubérculos, grãos, leite, doces, panifícios, sucos, mel, etc, na 3°edição da Feira de Economia Solidária e Agroecologia (FESA).
Organizado pelo MST, Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (CEAGRO), e pelo Núcleo Regional da Rede Ecovida de Agroecologia Luta Camponesa, a atividade aconteceu no último sábado (16), na Praça José Nogueira do Amaral.
“Nossa comunidade trouxe para feira verduras, frutas, sementes, grãos e panifícios orgânicos, e incluímos na receita os vegetais que as famílias produzem, como abóbora, brócolis, mandioca, couve e chuchu”, comentou a produtora Vanessa Issuzu, do acampamento Recanto da Natureza, membra do Núcleo Regional da Rede Ecovida de Agroecologia Luta Camponesa.
Para Vanessa essa foi a melhor FESA em número de público e venda. “Nessa edição conseguimos vender muito mais do que nas edições anteriores, e mostramos que produzimos alimentos saudáveis com um preço muito bom, salienta”.
Além da venda de produtos, também houve troca de sementes, oficinas para o público e apresentações culturais e de dança no Centro de Tradições Gaúchas do município.
Organização
A integrante do Núcleo de Estudo de Agroecologia (NEA) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Gabriela Canosa, explica que foram articulados diferentes grupos para contribuir na construção do evento, como a UFFS, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), CEAGRO, Assentamento 8 de Junho, Acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio.
Foram 12 oficinas, entre elas minhocário, permacultura, horta vertical, agrotóxicos, plantas medicinais, artesanato com materiais recicláveis, agitação e propaganda. Na troca de sementes cerca de 50 agricultores foram cadastrados para partilhar as sementes.
“Mais ou menos duas semanas antes da FESA, nós dialogamos com os agricultores. Aqui cadastramos cada um, foram 50 agricultores cadastrados, muitas sementes, muita diversidade, muitos agricultores interessados na troca”, explica Gabriela.
Para Manuela Pereira, da UFFS, a feira é a concretização da agroecologia com a construção de novas relações. “É bonito ver novas relações que se concretizam na FESA, como o produtor dialogando com o consumidor. Além disso, a feira garante a autonomia financeira do agricultor”.
Manuela comenta que é nítido “o orgulho que o produtor tem em expor e vender sua produção. Ele sabe que o que oferece é de qualidade, e que o consumidor pode confiar”.
No ato de abertura da FESA, a prefeita de Laranjeiras do Sul, Sirlene Svartz, comentou que ter “a feira na cidade é um privilégio, pois é um projeto de saúde, economia e desenvolvimento, um projeto de agroecologia que é a bandeira do governo municipal de Laranjeiras”.
Sementes Crioulas
O produtor e guardião das sementes, Isaac Miola, do município de Dois Vizinhos, expôs na feira cerca de 340 variedades de sementes crioulas e ramas, produzidos em três hectares de terra.
“É muito importante participar da feira, divulgar esse trabalho para que outras pessoas também comecem a cuidar da semente. Ela é a garantia da biodiversidade, e aqui posso distribuir as sementes que produzo e pegar outras pra aumentar ainda mais as variedades que tenho.”
“Dessas 340 variedades, a que mais tenho são as sementes de feijão. São 109 variedades, e a mais difícil pra conseguir foi a semente de um tipo de abobrinha”, comenta Miola. O agricultor conta que começou a guardar sementes a partir da festa de sementes realizada pela Assessorar no sudoeste do Paraná, e que tudo o que tem de variedades conseguiu participando de eventos como a FESA, e trocando com conhecidos.
O membro da coordenação da Rede Ecovida Luta Camponesa e da FESA, Sadi Amorim, assentado no 8 de junho,acredita que a feira foi um &”39;sucesso&”39;, já que dobrou os grupos de venda e vieram produtores não só da região de Cantuquiriguaçu, mas de outros locais. “O grupo do acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, se inseriu e nos surpreendeu, pois em tão pouco tempo eles expuseram muita diversidade de produção e venderam muito.”
Pedro Carlos Machado, do setor de produção do Acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, comenta que a feira abre espaço para os acampados mostrarem o que estão produzindo.
“Esse é o primeiro espaço que estamos tendo para vender nossa produção. Aqui trouxemos batata doce, abóbora, feijão, arroz, fruta, e toda essa produção é coletiva. A partir desses espaços queremos desmistificar a ideia que a população tem nossa, de que os Sem Terra não produzem alimentos. Na área em que antes era só eucalipto, hoje tem alimento de qualidade sendo produzido e chegando na mesa das famílias”, comenta Carlos.