Projeto visa fortalecer debate da soberania alimentar nas escolas dos assentamentos

A experiência piloto abarcará dez escolas no Ceará, ao resgatar a agroecologia, o uso pedagógico das hortas escolares e recuperar a memória histórica e cultural sobre os referencias alimentares locais.
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A experiência piloto abarcará dez escolas no estado do Ceará. Foto: Elitiel Guedes.

Por Elitiel Guedes
Da Página do MST

Entre os dias 20 a 21 de maio, os Sem Terra do estado do Ceará participam do planejamento do projeto Crianças Construindo Soberania Alimentar II e a construção da metodologia dos projetos políticos e pedagógicos das Escolas de Ensino Fundamental dos Assentamentos da Reforma Agrária no estado.

A ideia do projeto é contribuir na construção do bem viver, com foco na soberania alimentar das crianças, mães e famílias assentadas da Reforma Agrária no estado do Ceará.

Segundo Vera Mariano, do coletivo estadual de educação do MST, o projeto dialoga com o atual momento da luta pela terra, em que a questão central a ser enfrentada é o modelo de produção e consumo, representado pelo agronegócio, que ameaça a segurança e soberania alimentar e nutricional, sobretudo das populações socialmente mais vulneráveis.

A importância do debate sobre agroecologia dentro das escolas e a discussão do modelo de produção está vinculado às práticas sociais, políticas e culturais dos assentamentos, com a finalidade de fortalecer uma alimentação escolar com foco na soberania alimentar. A expectativa é que esse debate não fique somente nas escolas dos assentamentos, mas que se amplie para outros espaços sociais.

O objetivo é que esse processo atinja 2.698 crianças de 45 comunidades de assentamentos de 14 municípios, como foco na agroecologia e na ação multiplicadora das escolas locais.

O projeto é uma parceria entre o setor de educação do MST, a Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceara (ACACE) e a We Would.

Para José Marques, gestor de projetos e programas do We Wold, e que atua na defesa e garantia dos direitos das crianças e adolescentes e contra a violência contra a mulher, o tema é de grande importância para sensibilizar os territórios sobre a educação do campo, articulada com a soberania alimentar com foco na agroecologia.

Para ele, o projeto busca trabalhar um programa de alimentação dentro dos projetos políticos pedagógicos das escolas dos assentamentos da Reforma Agrária, já que se pretende construir as diretrizes da alimentação escolar.

Neste sentido, o projeto trabalha sob um programa de educação alimentar e nutricional, articulando famílias assentadas, escolas e secretarias municipais de educação, com o objetivo de encarar a problemática do bem viver e da segurança e soberania alimentar.

A experiência piloto abarcará dez escolas com dois focos principais: resgatar a agroecológico e o uso pedagógico das hortas escolares, além de recuperar a memória histórica e cultural sobre os referencias alimentares locais.

Para Andréia Castro, da coordenação pedagógica do projeto e do coletivo estadual do MST, a educação do campo e a agroecologia norteiam a concepção político pedagógica do projeto no processo de formação humana e social, ao recorrer a um processo histórico e de fortalecimento da cultura camponesa, de seu modo de vida, desafios e de suas lutas.