No ES, educadores da Reforma Agrária se preparam para o 2° ENERA

O tom do debate demonstrou os desafios que os trabalhadores rurais devem enfrentar no atual período. Muitos destacaram o predomínio do empresariado na educação.
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Da Página do MST

Durante quatro dias, cerca de 200 educadores das escolas de assentamentos do Espírito Santo se reuniram para debaterem os rumos da educação do campo.

O 27° Encontro Estadual dos Educadores e Educadoras da Reforma Agrária, que aconteceu no Centro de Formação Maria Olinda, em São Mateus, também serviu como um preparatório para o 2° Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária (ENERA), que acontecerá entre os dias 21 a 25 de setembro, em Brasília.

O tom do debate demonstrou os desafios que os trabalhadores rurais devem enfrentar no atual período. Muitos destacaram o predomínio do empresariado na educação.

Nos últimos anos, vem aumentando a quantidade de projetos socioambientais das corporações do agronegócio na educação brasileira. A maior parte deles realizado em parcerias com as secretarias de educação dos municípios e de governos estaduais.

A Syngenta, por exemplo, tem o chamado Educação no Campo, que nos últimos anos atendeu milhares de alunos nos principais estados produtores.

Outro exemplo é a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), que reúne 14 empresas do setor, sendo as sete maiores do mundo (Syngenta, Bayer, Basf, Dupont, Dow, Monsanto e FMC).

A ANDEF tem diversos projetos socioambientais que apresenta uma perspectiva da produção de alimentos saudáveis e seguros, e também da proteção do meio ambiente, embora seja composta pelas maiores empresas produtoras de agrotóxicos e transgênicos do mundo.

Neste sentido, Marco Carolino, do MST, reforçou a ideia de que “não há desenvolvimento sem Reforma Agrária, e que é preciso garantir educação em todos os níveis para os trabalhadores do campo e da cidade”.

América Latina

Já Joaquin Pinheiro, da coordenação nacional do MST, realizou um panorama da conjuntura latino americana, ressaltando o papel da Reforma Agrária Popular no processo de resistência da classe trabalhadora.

“A crise vivida hoje tem um paralelo em relação a crise de 1929, mas naquele período não existia a integração que existe hoje, e a saída foram as guerras”, apresentou.

Segundo Pinheiro, hoje em dia existe uma crise de representatividade, e os estados já não dão conta de solucionar os problemas dos mais pobres.

Com isso, “na busca de saída da crise, os governos retiram dinheiro de programas sociais para salvar as empresas, gerando outras crises e pressões na sociedade”.

O Encontro também serviu enquanto um espaço de socialização das práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas de Assentamentos.

Maria Cristina Vargas, do setor nacional de educação do MST, destacou que as experiências apresentadas possuem elementos importantes “que apontam para uma nova forma de educação da classe trabalhadora”.