MST presta solidariedade aos trabalhadores demitidos da Mercedes
Da Página do MST
Militantes do Núcleo Carlos Marighella, do MST na região do Grande ABC (SP), aproveitaram este domingo (21) para visitar e manifestar apoio ao acampamento dos trabalhadores da Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo, em que exigem a revisão das centenas de demissões que vem ocorrendo desde o início do ano.
Em nome da direção do MST, Marcelo Buzetto entregou para os metalúrgicos bandeiras e bonés do Movimento, além de exemplares do Programa Agrário, para difundir entre os trabalhadores a proposta de Reforma Agrária Popular defendida pelos Sem Terra.
“O nosso sonho é ver se multiplicando essa experiência de luta e resistência contra as demissões. Temos que apoiar e estimular outros sindicatos, categorias para seguirem o caminho de vocês, da luta e da organização”, disse Buzetto.
Para ele, seria um sonho ver acampamentos como este em frente a todas as fábricas do país. “Imaginem se esta iniciativa começa a acontecer simultaneamente em Campinas, São José dos Campos, Paulínia, Baixada Santista. Empresário demitiu trabalhador, sindicato organiza acampamento na porta da fábrica. Assim poderíamos alterar a correlação de forças”, ressaltou.
Sob a alegação da crise econômica, as grandes empresas do complexo industrial automobilístico do ABC paulista têm demitido diversos trabalhadores, além de obrigar a tantos outros a tirar férias coletivas. Apenas na fábrica da Mercedes, mais de 500 já foram demitidos.
Os trabalhadores também denunciam a pressão destas empresas sobre o Programa de Demissão “Voluntária” e o sistema de Lay-off, quando os funcionários são dispensados temporariamente, maneira pela qual a empresa se utiliza do dinheiro do trabalhador, por meio da intervenção do governo federal, para pagar 50% do salário.
Sobre estes pontos, os trabalhadores denunciam a exploração da força de trabalho por estas empresas desde os anos de 1950, ao receberem das prefeituras, governos estaduais e federal isenção de impostos, privilégios e benefícios para a importação de máquinas e equipamentos industriais, além de empréstimos a juros baixos do BNDES e outros bancos públicos, mas num primeiro sinal de crise transferem a conta para os trabalhadores.
Solidariedade mútua
Durante a visita, Buzetto também recordou momentos importantes da solidariedade dos metalúrgicos do ABC com a luta pela Reforma Agrária, com participação de militantes e dirigentes sindicais em ocupações, marchas e mobilizações. Presentes na assembleia, operários relataram experiências de apoio ao MST em várias regiões do Estado de São Paulo.
O dirigente metalúrgico, Max Pinho, agradeceu a oportunidade que o MST lhe deu de conhecer a Palestina. Max representou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC junto à Brigada Ghassan Kanafani, organizada pelo MST em 2011, que reuniu militantes latino-americano numa viagem à Palestina.
“Sempre estaremos junto com a classe operária nas lutas contra estas empresas e governos aliados da burguesia, que aplicam políticas econômicas neoliberais para defender os interesses dos ricos, do agronegócio, dos banqueiros e das multinacionais”, disse Buzetto.
Para ele, o ajuste fiscal do governo Dilma cria uma situação de insegurança para a classe trabalhadora, e seria a hora dos ricos pagarem a conta da crise.
“Mas nenhuma categoria vai vencer se lutar sozinha. É o momento de lutas unitárias, de unificar pautas e reivindicações, pois apenas com a unidade que a classe operária vai barrar as demissões e contribuir de maneira decisiva para derrotar as medidas neoliberais que estimulam a terceirização e retiram direitos trabalhistas”, enfatizou o Sem Terra.