MST ocupa ferrovia da mineradora Vale no Pará

A empresa tem se tornado uma das principais inimigas dos camponeses na região, os expulsando de suas terras para expansão de seu projeto minerador.

 

Por Marcio Zonta
Da Página do MST

 

Dois mil trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam nessa manhã a ferrovia de Carajás em Parauapebas (PA) utilizada pela Vale para escoar o minério extraído da minas do sudeste paraense até o porto de Itaqui, em São Luis (MA).

A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária promovida pelo movimento em todo brasil. A Vale tem se tornado uma das principais inimigas dos camponeses na região, os expulsando de suas terras para expansão de seu projeto minerador no Pará.

Além disso, a empresa subtraiu dos cofres públicos do Pará mais de R$ 25 bilhões, num estado onde habitam oito milhões de habitantes e mais de dois milhões vivem abaixo da linha da pobreza.

Segundo a economista do Inesc, Alessandra Cardoso os dados por empresas mostram as escandalosas cifras do monopólio da Vale no controle destes incentivos. Nada menos do que 74% dos R$ 506,96 milhões destinados pela Superintendência de Desenvolvimento na Amazonia (SUDAM) são apropriados pela Vale em vários projetos na exploração de ferro e cobre.

Para Rafela dias, da direção do MST no Pará a mineradora representa o que mais de atrasado e colonizador existe na região amazônica. “Enquanto isso, a politica econômica do governo se pauta pelos cortes nas áreas sociais e a inoperância em relação a reforma agrária com todas as regalias dada a Vale que só rouba o povo paraense”.

 

Paralisado

Se a mineração tem todos os créditos possibilitados para contitnuar o saque mineral no Pará, a reforma agrária segue paralisada na região.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, existem 13 mil famílias acampadas na região em aproximadamente 120 fazendas ocupadas somente no sul e sudeste do Pará.

As famílias ficam em média dez anos debaixo da lona preta sem atenção devida do INCRA e vulneráveis a violência dos latifundiários. “A demora do INCRA e da justiça federal em concluir processos tem sido a causa, inclusive, dos últimos assassinatos no Pará e o não andamento da reforma agrária no estado”, acusa o advogado da CPT, José Batista Afonso.

O número de famílias assentadas nos últimos dois anos no Pará foram de apenas 711 famílias, divididas em seis assentamentos. O que não representaria nem 10% da demanda da região.

Portanto, a média de 355 famílias assentadas anualmente seria irrisória. “Se considerarmos apenas as ocupações existentes, e não houvesse nenhuma outra ocupação de terra na região nos próximos anos, o INCRA de Marabá levaria mais 37 anos para assentar as treze mil famílias que aguardam na fila nas ocupações”, calcula Batista.

Para o advogado da CPT, a situação indica uma inoperância do INCRA para resolução agrária no Pará. “Isso demonstra a falência do órgão no processo de desapropriação de terras no sul e sudeste paraense”, conclui.

Rafaela complementa: “Não sairemos daqui, de cima desses trilhos e da margem dessa ferrovia enquanto não formos devidamente atendido pelo governo federal na distribuição de terras nessa região”, define.