Sem Terra ocupam 13 sedes do Ministério da Fazenda contra cortes na Reforma Agrária
Da Página do MST
Diversos Ministérios da Fazenda amanheceram ocupados por milhares de Sem Terra em todo o país, nesta segunda-feira (3).
Até o momento, dez estados mais o Distrito Federal tiveram suas sedes dos Ministérios ocupados. São eles a capital Porto Alegre, Aracaju, Recife, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba, Palmas, Porto Velho, João Pessoa, Salvador, Rio de Janeiro e São Luís.
Além dos prédios dos Ministérios, diversas outras mobilizações, como ocupações de terras, trancamento de rodovias e ferrovias e marchas pelas cidades estão ocorrendo pelo país. Ao todo, 18 estados estão mobilizados, além da capital federal (Veja abaixo o balanço completo).
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Segundo os Sem Terra, o Movimento volta a denunciar a paralisação da Reforma Agrária no país com a realização de uma segunda Jornada de Lutas contra o ajuste fiscal do governo, que cortou quase 50% dos recursos da Reforma Agrária – de R$ 3,5 bilhões sobraram apenas R$ 1,8 bilhão.
O corte ameaça estagnar ainda mais o processo da Reforma Agrária, já que com menor orçamento fica ainda mais difícil do governo cumprir com o compromisso político assumido no início deste ano, de assentar 120 mil famílias acampadas no Brasil.
De acordo Kelli Maffort, da coordenação nacional do MST, corte de investimentos em setores fundamentais como educação e saúde, além dos cortes nas políticas sociais, só atingem o setor mais pobre da população.
“Não podemos ficar ao lado do ajuste fiscal. Nosso compromisso é com o povo. Exigimos o assentamento de todas as famílias acampadas. Temos famílias há mais de 10 anos debaixo da lona preta e que são vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio. É preciso que o governo elabore um Plano de Metas para assentar no mínimo 50 mil famílias por ano, no período de 2016-2018”, ressalta.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária realizada pelo MST em todo país. Durante toda essa semana todos os estados estarão mobilizados em luta permanente em defesa da pauta da classe trabalhadora camponesa.
Confira abaixo as mobilizações em cada estado:
Bsb
Na madrugada desta segunda feira (3/8), cerca de 2.000 mil trabalhadores trabalhadoras Sem Terra ocuparam o Ministério da Fazenda, em Brasília, contra o ajuste fiscal do governo no orçamento da reforma agrária.
RS
Cerca de 2 mil trabalhadores do MST ocuparam o Ministério da Fazenda de Porto Alegre (RS), desde às 7 horas desta segunda-feira (3). Os Sem Terra cobram do governo federal o assentamento de 2.100 famílias acampadas no Rio Grande do Sul, a reestruturação dos assentamentos e a elaboração de um programa de produção de alimentos saudáveis.
PR
No Paraná, cerca de 400 trabalhadores rurais do MST ocuparam a delegacia do Ministério da Fazenda em Curitiba (PR). Os Sem Terra também estão mobilizados em pedágios nos municípios de Arapongas, Mandaguari, Jataizinho, Ortigueiro.
CE
No Ceará, cerca de mil Sem Terra ocuparam o Ministério da Fazenda.
PA
No Pará, 2 mil trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam a ferrovia de Carajás, em Parauapebas, utilizada pela Vale para escoar o minério extraído das minas do sudeste paraense até o porto de Itaqui, em São Luis (MA).
MT
No Mato Grosso, cerca de 400 camponeses marcham pela cidade de Jaciara. A marcha percorrerá o centro da cidade passando pelo Fórum municipal Câmara de Vereadores e Prefeitura, onde serão pautados o apoio contra o despejo das famílias que estão acampadas no latifúndio Fazenda Nossa Senhora Aparecida, que está em nome de Waldemir Ival Lotto, Presidente Executivo do Grupo Amaggi.
RJ
Os trablhadores rurais do MST também ocuparam o Ministério da Fazenda na capital fluminense.
AL
Em Maceió, milhares de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra se concentraram na Praça Sinimbu no centro da cidade. Também na capital alagoana 300 Sem Terra trancaram a entrada do Porto da cidade. Além da realização da política de Reforma Agrária, os Sem Terra reivindicam a destinação das terras do grupo João Lyra para assentamentos.
SC
Em Florianópolis, cerca de 500 trabalhadores rurais de Santa Catarina ocuparam a Receita Federal com o intuito de denunciar os cortes no orçamento da Reforma Agrária pelos ajustes fiscais do governo federal.
PE
Em Recife, capital pernambucana, cerca de mil Sem Terra vindos do Agreste, Sertão e Zonas da Mata do estado ocuparam o prédio sede do Ministério da Fazenda.
RO
Em Rondônia, os Sem Terra que ocuparam a Secretária da Receita foram recebidos com violência pela policia. Até o momento, existe a informação de dois Sem Terra feridos e cinco detidos. Cerca de 300 Sem Terra também ocuparam o Incra.
BA
Na Bahia, além da Secretária da Fazenda ter sido ocupada em Salvador, três centros da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram ocupados, além da diretoria regional de educação de Teixeira de Freitas.
PB
Em João Pessoa, cerca de 1.200 integrantes do MST ocuparam o Ministério da Fazenda na capital.
TO
Trabalhadores rurais de Tocantins também ocuparam a Secretaria da Fazenda do Estado, na capital Palmas. Os Sem Terra denunciam a falta de políticas públicas voltadas para os camponeses, a legalização da grilagem de terras da União pelo Instituto de Terras do Tocantins (Intertins), a exploração irregular das terras do Projeto Sampaio por alguns fazendeiros da Região do Bico do Papagaio e a criminalização dos movimentos e das lutas sociais por parte dos órgãos de segurança do Estado.
SE
Em Aracaju, cerca de 200 pessoas ocuparam o Ministério da Fazenda.
MG
Em Minas Gerais, duas rodovias foram trancadas. Uma na região do Triângulo Mineiro (BR 365) e outra no norte de Minas.
RN
No Rio Grande do Norte, cerca de 800 Sem Terra trancaram a rodovia que dá acesso ao aeroporto internacional Governador Aluísio Alves.
MA
Cerca de 400 trabalhadores rurais ocuparam o Ministério da Fazenda na capital São Luís. Antes da ação, os Sem Terra realizaram uma plenária para debater as questões sobre a situação da Reforma Agrária.
SP
Em São Paulo, cerca de 200 Sem Terra ocuparam a Fazenda Santo Henrique, pertencente à empresa Cutrale, entre os municípios de Iaras, Borebi e Lençóis Paulista, no interior do estado de São Paulo, neste domingo (2).
Essa é a 15ª vez que a propriedade, que pertence ao grupo Cutrale, maior produtor de laranja do país, é ocupada últimos 20 anos. Os Sem Terra denunciam a grilagem de 2,6 mil hectares de terra pela empresa.