Assembleia unificada decide por greve dos servidores públicos do RS

43 categorias do funcionalismo público se uniram e participaram de uma assembleia geral unificada, que deflagou três dias de greve dos servidores no estado.

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Por Catinana de Medeiros
Da Página do MST

O dia 18 de agosto entrou na lista de datas históricas do Rio Grande do Sul. Foi o dia em que 43 categorias do funcionalismo público se uniram e participaram de uma assembleia geral unificada, que deflagou três dias de greve dos servidores no estado.

A iniciativa, coordenada pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos, reuniu mais de 50 mil pessoas no Largo Glênio Peres, no Centro de Porto Alegre, e teve o apoio da Via Campesina, entre outros movimentos, além de servidores de outros estados, como o Paraná.

A greve é consequência das medidas adotadas pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), como o atraso, parcelamento e congelamento de salários, que têm penalizado o funcionalismo público, principalmente nas áreas de Saúde, Educação e Segurança. Segundo os servidores, não estão descartadas novas mobilizações caso os salários deste mês voltem a atrasar. O prazo de pagamento para Sartori vai até o dia 31 de agosto.

As mobilizações na capital gaúcha iniciaram na manhã desta terça-feira (18), e envolveram assembleias do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato), no Gigantinho, e dos servidores da Segurança, em frente ao Palácio da Polícia.

Na sequência, todas as categorias saíram em marcha até o Largo Glênio Peres, onde se encontraram na parte da tarde e anunciaram a greve dos servidores gaúchos, que se iniciou nesta quarta-feira (19) e vai até a próxima sexta-feira (21). Em seguida, os manifestantes ocuparam as ruas em frente a Assembleia Legislativa e ao Palácio Piratini.

 

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“O governador José Ivo Sartori usurpou o nome do RS para fazer a sua campanha, escondendo do povo gaúcho que queria privatizar o Estado e penalizar os servidores. Mas agora ele mostrou a sua cara e essa categoria unificada vai dar a resposta, porque aqui tem aqueles que sabem fazer o Rio Grande do Sul acontecer. Greve até a vitória”, declarou a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

Em cima de carros de som, através de declarações dos manifestantes, também foi lembrado o massacre contra os professores do Paraná, ocorrido este ano sob comando do governador Beto Richa (PSDB). Servidores da Segurança repetiram várias vezes durante o ato que em solo gaúcho nenhum educador seria agredido por policiais, uma atitude contrária àquela praticada em Curitiba. “No Rio Grande do Sul polícia não bate em professores”, diziam.

No início da noite de ontem, o governador gaúcho José Ivo Sartori anunciou que os servidores que fizerem greve terão seus pontos cortados.

Má gestão

Segundo o professor de Sociologia do Instituto Estadual de Educação Sapiranga, Mateus Nascimento, quem mais sofre com os prejuízos da má gestão do atual governo é a população e o servidor gaúcho. Para ele, a greve de três dias é uma forma de alertar o governador de que não serão aceitos retrocessos e retiradas de direitos.

“O funcionalismo público não pode ser penalizado pelas más administrações no Palácio Piratini. Lá são tomadas decisões políticas e econômicas que só têm favorecido às grandes empresas do estado e não trazem benefícios algum à população. Enquanto isso, os nossos direitos básicos estão sendo colocados em cheque. Mas nós estamos deixando um recado bastante claro ao governador: não aceitamos e não aceitaremos essa situação”, frisou Nascimento.

O professor de História e comissário de polícia de Santa Maria, Oscar Peres, afirmou que a penalização sofrida pelo funcionalismo público é injusta e atribui as mobilizações de ontem à falta de administração no Palácio Piratini.

“Que Sartori seja competente e comece a administrar o Estado, pois até o momento nada está sendo feito, o governador está apenas se escondendo”, destacou o servidor.
 

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Prejuízos às escolas do campo

Conforme o educador do MST, Adílio Perin, as medidas adotadas por Sartori têm gerado inúmeros problemas aos servidores e podem comprometer a qualidade do ensino nas escolas.

“Estamos sofrendo com as ações desse governo, pois vários problemas estão nos afetando e gerando insegurança. Temos a preocupação de realizar nosso planejamento em sala de aula, mas agora a nossa preocupação também é a de garantir o nosso trabalho. Estamos protestando para exigir nossos direitos, poder trabalhar com maior qualidade e dar resultados às nossas crianças que estão nos esperando lá nas escolas. Queremos que o Governo Sartori olhe com mais carinho à Educação e faça investimentos, pois ela é essencial para o desenvolvimento do povo gaúcho e do Brasil como um todo”, explicou Perin, que leciona na Escola Estadual Joceli Corrêa, em assentamento de Hulha Negra.

Os servidores também protestaram contra o sucateamento das escolas e privatização do ensino público gaúcho, proposto por Sartori através de Projeto de Lei 103/2015, que tramita na Assembleia Legislativa. O PL institui o programa “Escola Melhor: Sociedade Melhor”, por meio de parcerias Público-Privadas. De acordo com Perin, as escolas do campo seriam as mais prejudicadas com a medida.

“O governo quer entregar nosso patrimônio para as empresas privadas, mas qual empresa vai querer investir numa escola localizada num assentamento, longe dos grandes centros? Há um descaso com nossas instituições, todas estão sofrendo com a falta de valorização, mas, com a privatização do ensino, as escolas do campo seriam as mais prejudicadas. Continuaremos lutando, temos o MST presente nos assentamentos e faremos de tudo para dar uma educação de qualidade às nossas crianças, aos nossos Sem Terrinha”, concluiu o educador.