Estudantes declaram apoio às famílias Sem Terra que ocupam área da Esalq

Eles denunciam a ociosidade no uso da terra, o distanciamento de pequenos produtores de leite da região e a influência dos antigos proprietários para adquirirem a área.

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Da Página do MST

Diversos estudantes do Levante Popular da Juventude, da Entidade Nacional de Estudantes de Biologia (ENEBio) e de centros acadêmicos da USP declararam publicamente o apoio às cerca de de 1.200 famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda Figueira no município de Londrina (PR) no último dia 17/08.

A área de aproximadamente 3.700 hectares, foi doada por Alexandre Von Pritzelwitz em 1995 para a Fundação de Estudos Agrários Luíz de Queiroz (FEALQ). 

Os estudantes argumentam que “apenas 350 dos 3.700 hectares da fazenda são destinados à pesquisa, na área de gado de corte, o que revela ociosidade no uso da terra e distanciamento da pequenos produtores de leite da região. O movimento também denuncia que os donos anteriores da propriedade nunca teriam pisado na área antes de adquirir os títulos de terra por contatos e vantagens políticas entre as elites do estado do Paraná e da região de Londrina”.

Confira a nota na íntegra

Pela liberdade de expressão, contra a repressão ao Movimento Estudantil, todo apoio à ocupação da Fazenda Figueira pelo MST!

No último dia 24 de agosto, o Levante Popular da Juventude, a ENEBio e centros acadêmicos da USP se pronunciaram a favor [1] da ocupação da Fazenda Figueira pelo MST [2], em Paiquerê-PR, numa área pertencente à FEALQ, fundação privada ligada à ESALQ-USP.

Apenas 350 dos 3.700 hectares da fazenda são destinados à pesquisa, na área de gado de corte, o que revela ociosidade no uso da terra e distanciamento da pequenos produtores de leite da região. O movimento também denuncia que os donos anteriores da propriedade nunca teriam pisado na área antes de adquirir os títulos de terra por contatos e vantagens políticas entre as elites do estado do Paraná e da região de Londrina [2].

Dados do ainda inédito Atlas da Terra Brasil 2015, feito pelo CNPq/USP, mostram que 175,9 milhões de hectares são improdutivos no Brasil, já a concentração de terra durante o último mandato Dilma cresceu 2,5%. Os 130 mil grandes imóveis rurais concentram 47,23% de toda a área cadastrada no Incra [3]. Enquanto isso, 3,75 milhões de minifúndios (propriedades mínimas de terra) ocupam menos de um quinto da área dos latifúndios: 10,2% do total registrado. Das 200 mil famílias sem terra no país, 9 mil famílias estão acampadas no Paraná à espera de assentamentos [2,5].

O latifúndio da terra se soma ao latifúndio do conhecimento. Por trás do “orgulho esalqueano”, persiste um país em que apenas 19% de jovens de 18 a 24 anos têm acesso ao ensino superior (dados PNADs/IBGE 2009) [4].

Na ESALQ, apesar da política institucional que prioriza o financiamento de pesquisas cada vez mais a serviço do agronegócio e das indústrias transnacionais, ainda resiste a ciência comprometida com o interesse público. Professores e estudantes vêm realizando pesquisas e trabalhos de extensão que comprovam a viabilidade da Agroecologia como fonte de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional dos povos, livre de venenos, gerando empregos, preservação ambiental com sustentabilidade e a soberania nacional.

Nossas opiniões receberam apoios e divergências respeitosas. Contudo, chamou atenção a quantidade de manifestações de ódio e preconceito por alguns indivíduos pouco interessados em discutir fatos e argumentar a partir de dados concretos. Nas redes sociais e nas dependências da ESALQ, as ofensas por vezes se tornaram em ameaças e incitação à violência.

Entendemos que tais ataques não dizem respeito de um(a) militante, mas sim da militância como um todo, cerceando a Liberdade de Expressão garantida em lei. Em vez de nos calarmos diante das ameaças, tomaremos as providências legais necessárias.

Sabemos que a repressão a quaisquer movimentos organizados está a serviço de uma sociedade individualista. Sabemos que o silêncio atua em favor do lado mais forte. Por isso, queremos nos solidarizar com os Sem Terra e com todas as entidades do Movimento Estudantil, inclusive aquelas que receberam ataques sem ter se posicionado.

Reafirmamos nosso compromisso com a Reforma Agrária Popular, com a Agroecologia, com os direitos dos Povos Indígenas, com as Entidades Estudantis, com a luta pela Democratização da Educação e pela Universidade Popular, por um mundo sem racismo, machismo e homofobia.

Lutar não é crime!

Juventude que ousa lutar constrói o poder popular!

Pátria livre, venceremos!

Levante Popular da Juventude