Escolas do Rio Grande do Sul se preparam para mostrar experiências no 2° Enera
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Durante o 2° Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (ENERA), que acontece de 21 a 25 de setembro, em Luziânia, Goiás, onze experiências realizadas em escolas do Rio Grande do Sul serão socializadas com os participantes.
Entre elas, está a “Práticas Transdisciplinares no Ensino da Arte no Contexto da Agroecologia”, executada com alunos do Curso Técnico Agrícola, do Instituto Educar de Pontão, através da disciplina O Ensino da Arte, que envolve desde plantas medicinais e agrofloresta até a luta social.
De acordo com a coordenação do projeto, a disciplina é desenvolvida junto à equipe pedagógica e de produção da escola, com o intuito de realizar experiências agroecológicas ligadas à prática de artes.
As plantas medicinais são utilizadas como remédios e na alimentação, além de ser trabalhada a parte estética do local em que são produzidas, proporcionando conhecimento e relação com outras disciplinas, como português e práticas agrícolas.
Na agrofloresta, os educandos têm conhecimento sobre a estética natural das plantas, abelhas, aves e insetos, o aproveitamento de bambus, folhas e troncos, e a produção de alimentos com plantas comestíveis não convencionais, como pudim de erva-mate e geleia de flores de camélia.
Já na luta social, O Ensino da Arte contribui na construção de gritos de ordem, paródias, cartazes, faixas e estêncil em camisetas.
Além da experiência do Instituto Educar, outras dez desenvolvidas em escolas gaúchas serão apresentadas durante o encontro. Saiba quais são elas:
– Organização da Brigada de Saúde e Farmácia Natural: A farmácia campesina é desenvolvida na Escola Estadual Nova Sociedade, de Nova Santa Rita, e envolve educandos, educadores e a comunidade. Ela tem em sua base plantas medicinais, produzindo tinturas e elixires. Os males das famílias são pesquisados e levados à sala de aula e a partir do diagnóstico são produzidos os medicamentos. Na escola também há uma Brigada de Saúde, que mantém a farmácia (uma caixa com os medicamentos suprida e organizada).
– Construindo caminhos para a valorização do espaço em que vivemos: Através desta prática, realizada pela Escola Estadual Antônio Conselheiro, de Santana do Livramento, educandos se inseriram num processo de valorização simbólica do espaço em que vivem, iniciando pesquisas para nomear estradas rurais que circundam a instituição. Para efetivar a ação, foram feitas entrevistas com as famílias, elaboração de croquis, maquetes, reuniões nas comunidades e uma audiência pública na Câmara de Vereadores.
– Milho: antigos saberes em novos sabores na nossa cultura alimentar: O projeto é desenvolvido pela Escola Estadual Orestes Paiva Coutinho, de Canguçu, e conta como parceiros a Emater, Embrapa, Cooperativa Terra Nova e líderes de assentamento. O objetivo é promover o conhecimento e a valorização da produção agrícola local e resgatar o consumo do milho na alimentação. Desta forma, são aprofundados os conhecimentos científicos, resgatados os antigos saberes populares sobre a planta e valorizada a produção de farinha.
– Pesquisa, uma possibilidade para a construção da autonomia e do conhecimento do educando/a do Ensino Médio na Escola do Campo: Trata-se do processo pedagógico e educativo desenvolvido no Ensino Médio Politécnico, na Escola Estadual Joceli Corrêa, em Jóia, a partir da pesquisa socioantropológica. O propósito é buscar a efetivação do princípio pedagógico da pesquisa, prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
– A sustentabilidade na Escola Joceli Corrêa: Relata o trabalho realizado na horta e no pomar da escola, garantindo a sustentabilidade de hortifrutigranjeiros da merenda escolar. Por meio dela são desenvolvidas pesquisas na produção de três variedades de mudas de batata e 16 variedades de mandioca, diferenciando-as para o consumo humano e animal.
– Conhecer para preservar paisagens relacionando com o lixo e suas possíveis contaminações no solo e água: Realizada pela Escola Municipal Roseli Nunes, de Santana do Livramento, a prática envolve estudos sobre a preservação das paisagens, nascentes e energia, além de trabalhar o lixo e suas possíveis contaminações no solo e na água.
– Educando com a Horta Escolar: Desenvolvida pela escola Nossa Senhora da Assunção, em Taquari, o projeto tem como objetivo promover a educação ambiental da comunidade escolar através da horta, levando os alunos à vivência e ao contato direto com o meio ambiente natural, sistematizando e socializando informações, e potencializando habilidades.
– Ações Agroecológicas da Coptec na Escola Santa Rita de Cássia: Através de práticas, a Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos (Coptec) mostra à comunidade escolar que o modelo de assentamento instalado na região é inviável e que há possibilidades de mudanças no mesmo, tendo retorno financeiro e avanço na produção de alimentos saudáveis. Para isso, ocorre a organização da horta de forma agroecológica, reciclagem do lixo, artesanato com reciclados de garrafa pet, cultivo de sementes crioulas, discussões sobre o uso dos agrotóxicos e a monocultura na produção, entre outras atividades.
– Relações humanas e Cooperação na escola: A Escola Estadual Nova Sociedade, de Nova Santa Rita, iniciou um debate sobre as Relações Humanas e a Cooperação, envolvendo professores e educandos. A temática passou a ser um dos principais elementos sustentadores da proposta pedagógica da instituição, fortalecendo a auto-organização dos estudantes e o funcionamento dos núcleos de base. A iniciativa está embasada na concepção de educação transformadora, conscientização e valorização humana e social.
– A Prática educativa de uma escola do campo: Resgata todas as atividades realizadas pela Escola Estadual Joceli Corrêa, em Jóia, e que a tornam um diferencial na Educação do Campo, envolvendo a comunidade, proporcionando conhecimento, lazer, valorização da cultura regional, resgate da história, sustentabilidade e conscientização da realidade global.