Em Alagoas, movimentos do campo se mobilizam pelas terras do Grupo João Lyra

O ex-deputado, que já foi considerado um dos deputados federais mais ricos do Brasil, teve sua falência decreta há 7 anos, devendo cerca de R$ 2,1 bilhões.

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Por Gustavo Marinho (texto e fotos)
Da Página do MST

Mais de 2 mil trabalhadoras e trabalhadores rurais de Alagoas organizados em diversos movimentos populares do campo, realizaram uma mobilização reafirmando a necessidade da destinação das terras da massa falida do Grupo João Lyra para fins de Reforma Agrária, na manhã da última terça-feira (13).

Após diversas negociações nas esferas Estadual e Federal, os Sem Terra exigem a celeridade no processo para o assentamento das famílias acampadas na região.

Os camponeses se concentraram na cidade de União dos Palmares e marcharam até a área onde funcionava a Usina Laginha, uma das três usinas do grupo liderado pelo empresário e ex-deputado federal João Lyra (PSD). 

Atualmente, a área hoje é tomada por barracos de lona preta onde centenas de trabalhadores e trabalhadoras, com suas roças, denunciam o fracasso da cana-de-açúcar e reforçam o papel da Reforma Agrária para o desenvolvimento do estado.

Destacando o compromisso dos camponeses com a mudança do cenário da região, Margarida da Silva, do MST, disse que a mudança no campo alagoano deve ser a grande luta dos trabalhadores rurais. 

“Aqui onde já foi um espaço de escravidão e opressão, deve ser um ambiente para produzir alimentos saudáveis para acabar com a fome de quem vive no campo e na cidade. Esse é e deve ser o nosso compromisso com o povo alagoano e a nossa verdadeira resposta ao latifúndio devastador, um grande não à cana e ao eucalipto”, afirmou.

Para Josival Oliveira, do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), “essa ação é mais uma demonstração do estado permanente de mobilização que a unidade dos movimentos sociais de luta pela terra de Alagoas conseguiu consolidar. Esse é mais um momento para mostrar à sociedade que essas terras só trouxeram desgraça ao estado de Alagoas”, salientou.

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“Nos resta a mobilização e colocar o pé na estrada, deixando os governos em alerta, pois não será a falta de vontade ou as manobras políticas que vai nos tirar do foco de conquistar essas terras”, afirmou Josival.

Desde a primeira ação conjunta dos movimentos sociais, no início de julho, os camponeses têm protagonizado importantes lutas exigindo a desapropriação das áreas da massa falida do Grupo João Lyra para a Reforma Agrária.

O ex-deputado, que já foi considerado um dos deputados federais mais ricos do Brasil, comandando um conjunto de cinco usinas de cana-de-açúcar em Alagoas e em Minas Gerais que totalizam 53 mil hectares de terras, teve sua falência decretada há 7 anos, devendo cerca de R$ 2,1 bilhões a credores, governo federal e estadual e a ex-funcionários.

Segundo os camponeses, os empresários têm dito que a volta do funcionamento da Usina promoverá cerca de 2 mil empregos na região. Em resposta, os movimentos reforçam que com o assentamento das famílias Sem Terra na área, aproximadamente 6 mil empregos diretos e indiretos seriam garantidos.

“Enquanto os inimigos se organizam para impedir as negociações para a conquista dessas terras, estamos fortalecendo a nossa unidade, permanecendo em luta e dando dia após dia as respostas à sociedade”, disse José Roberto, da Direção Nacional do MST.

“Sejam os frutos das nossas roças, a organização dos nossos acampamentos ou as nossas lutas, servem para reafirmar que as terras dessa Usina não podem ser mais um sonho distante, elas agora devem ser nosso objetivo cotidiano, e todas as nossas ações são passos importantes para alcançarmos essa conquista”, reforçou José Roberto.

Além do MST e MLST, Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Unidos pela Terra (MUPT), Movimento Via do Trabalho (MVT), Terra Livre e na Comissão Pastoral da Terra (CPT) também participaram da atividade.