1º Feira Nacional da Reforma Agrária chega em SP com alimentos saudáveis a preços acessíveis

O evento também tem o objetivo de debater com a população as diferenças entre a produção saudável de alimentos e a produção industrial padronizada pelo agronegócio.

 

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Por Maura Silva
Da Página do MST

Fotos: Joka Madruga e Victor Tineo

“O que a gente quer é  ter uma saúde melhor, por isso tomamos a decisão de produzir sem agrotóxico. Todo mundo trabalha, todo mundo divide. Foi na farinheira que formamos um coletivo de mulheres. O serviço dos homens é o de fazer a colheita e a gente faz esse trabalho de beneficiamento”.

A fala acima é de Marília Nunes, 19 anos, vinda do assentamento Palmares 2, em Paraupebas (PA). 

Ela é uma das participantes da 1º Feira Nacional da Reforma Agrária que começou nesta quinta-feira (22), no Parque da Água Branca, em São Paulo (Clique aqui para ver mais fotos da feira)

Até o próximo domingo (25), serão comercializados mais de 200 toneladas de alimentos, com cerca de 800 variedades de produtos das áreas de assentamentos de todo o país. 

Em um momento de paralisação da Reforma Agrária, a feira surge como expressão da alternativa de consumo saudável e acessível, além de ser um instrumento de fortalecimento do diálogo entre campo e cidade.

Exemplo disso é o de Mônica Ramos, 30 anos, que integra a Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA). De lá, veio a alga marinha Gracilaria Birdiae.
 

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“A gente começou a produzir [a alga] para se contrapor à forma como os empresários tiravam. Eles tiram e ela não nasce mais. A gente tem o cuidado de fazer o cultivo para ela nascer de novo. É dentro de um manejo agroecológico”, diz.

Mônica destaca os sabores e os benefícios do produto cearense. “Ela fica muito gostosa com macarrão. Na própria embalagem nós colocamos ideias de receitas. Ela também tem nutrientes, é rica em minerais e vitaminas”, afirma.

Para Carla Guindadi do setor de produção, o papel desempenhado pela feira é o de trazer à tona o atual modelo agroexportador que afeta de maneira negativa toda a cadeia produtiva e de consumo. 

 

“São Paulo é a maior cidade do Brasil, é o local onde o debate campo cidade é mais evidente. Aqui é onde os dois modelos de disputa atuais – o modelo do agronegócio e da agricultura camponesa -, estão mais visíveis. E fazer essa feira no Parque da Água Branca, espaço que já é conhecido na capital paulista pela cultura aos orgânicos, é também um espaço de diálogo com o público consumidor.

“É o momento de pautarmos as diferenças entre a produção saudável de alimentos, a produção orgânica e a produção fetichizada de alimentos pautada pelo agronegócio e dar visibilidade a essa produção que é invisibilizada pela grande imprensa. Não é todo mundo, por exemplo, que sabe que hoje a maior produção de arroz orgânico da América Latina pertence aos assentamentos da Reforma Agrária” , conclui.
 

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Soberania Alimentar 

A expansão do agronegócio é hoje impulsionada pelas grandes empresas multinacionais do sistema agroalimentar. Diante dessa imposição do capital, a produção camponesa passou a ter muitas dificuldades para crescer.

Nesse âmbito, a mudança do modelo agrícola torna-se fundamental. E é nesse sentido que a Reforma Agrária Popular trabalha, fazendo contraposição a esse modelo excludente e privilegiando os produtores e movimentando a economia local e contribuindo de maneira massiva com a economia local.  

Daí a importância do acesso à terra, sem a qual os limites da soberania ficam completamente amarrados pelo sistema de mercadorias. Dentro dessa concepção, a produção de alimentos que atenda às necessidades das populações locais se coloca como fundamental para o processo de soberania local e econômica que favorece pessoas como Conceição, moradora do Assentamento Lagoa do Mineiro, no Ceará.

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O agronegócio insiste em dizer que os assentamentos não tem produção e, consequentemente, demanda.
Estamos aqui para provar exatamente o contrário.
Com as condições e subsídios necessários, os assentamentos da Reforma Agrária tem sim toda a condição de atender a demanda massiva de produção e comercialização de alimentos saudáveis.
O MST está aqui para demonstrar toda organização, toda produção coletiva e todo poder e valor que vem do campo. 
 

Além da feira, quem for ao Parque da Água Branca encontrará uma vasta programação de shows, intervenções culturais, seminários e a “Culinária da Terra”, uma Praça de Alimentação com comidas típicas de cada região (clique aqui para ver a programação completa).

Destaques do evento são os shows de violara caipira, como os das duplas Cacique e Pajé e Pereira da Viola, além de apresentações de Chico César e Zé Geraldo. As crianças também encontram espaços na atividade, com brincadeiras e shows nas manhãs de sábado e domingo.

 

Em vídeo de pronunciamento, presidenta Dilma saúda a  1º Feira Nacional da Reforma Agrária

https://www.youtube.com/watch?v=Jr4kQYJ6yHE&feature=youtu.be