Temos que correr para cumprir o compromisso de assentarmos as 120 mil famílias, afirma Lula

Em visita a 1° Feira Nacional da Reforma Agrária o ex-presidente andou pelos estandes e saboreou produtos da Reforma Agrária.

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Por Maura Silva 
Da Página do MST

“É  que a vida é como o pequi, não pode cravar os dentes, tem que sorver devagar que é pra dar tempo de saborear. Saborear as derrotas e as vitórias, saborear a luta que é árdua, dura, mas necessária para que a dignidade desse povo aqui se mantenha pulsando”. 

Foi o que disse José Geronimo, acampado do MST no estado de Goiás ao ex-presidente Luis Inácio da Silva. Lula visitou na tarde desse sábado (24) a 1° Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece até domingo (25), no Parque da Água Branca, em São  Paulo. 

O ex-presidente andou pelos estandes da feira, comeu a moqueca de Tucunaré de dona Domingas e o Caruru de Maria do Rosário (Clique aqui para ver mais fotos da feira).

Recebeu tapioca da cooperativa de mulheres assentadas do estado de Sergipe e o cacau orgânico vindo assentamento Terra Vista, no Sul da Bahia. “Aqui está todo o Brasil”, disse ele na barraca do arroz da Cooperativa dos Trabalhadores dos Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap). 

 

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Foto: Joka Madruga

Lula aproveitou para almoçar na cozinha organizada pela delegação baiana da Feira Nacional. Um bode cozido foi a escolha. Ao ser perguntado sobre o sabor e preço do prato servido, o ex-presidente foi categórico. 

“Olha, eu comi torresmo, bode, quiabo, moqueca, eu só não comi pequi porque fiquei com medo dos espinhos. Inclusive eu fiquei feliz com os preços dos produtos. Eu vi aqui melão sendo vendido a R$ 3,00 enquanto nas feiras convencionais está uma média de R$ 7,00. Se o povo compreender a necessidade de incentivar a Reforma Agrária, outras feiras como essas podem ser feitas e as pessoas poderão comprar produtos saudáveis e de qualidade, sobretudo vindos de uma agricultura orgânica que está nascendo pelas mãos dos pequenos agricultores brasileiros”, disse.

Ao encontrar seu Luiz Beltrame, que no auge dos seus 107 anos faz poesia e segue firma na luta pela Reforma Agrária, Lula perguntou o que deveria fazer para viver mais 38 anos. Seu Luiz olhou em seus olhos, deu um tapinha em seu ombro indicando o coração. Lula assentiu com a cabeça.

 

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Foto: Laura Viana

Para o ex-presidente, o MST acertou ao trazer a produção nacional fruto da Reforma Agrária para São  Paulo. 

“O MST marcou um gol de letra ao trazer produtos e a cozinha de todo Brasil para São Paulo na Feira Nacional da Reforma Agrária. Essa é uma comprovação extraordinária para população de que 70% da produção alimentícia do Brasil é produzida por pessoas simples, pessoas do campo e não por grandes latifundiários que só produzem para exportação e não para consumo interno”, afirmou. 

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Foto: Leonardo Melgarejo

Ainda para Lula, a Feira contribuiu para que a população aumente a compreensão sobre a importância da Reforma Agrária.

“Essa é uma lição que os Sem Terra tem que aperfeiçoar para que possa ser levada para todas as capitais do país. Assim, vamos conseguir tirar da cabeça da população brasileira que a Reforma Agrária é impensável e violenta. A Reforma Agrária é apenas a distribuição justa da terra para que nela se possa gerar emprego, renda e alimento para o nosso povo”, salientou.

Se a visita à Feira foi momento de adquirir produtos e experimentar novos sabores, isso não isentou o ex-presidente de ser questionado sobre a paralisação da Reforma Agrária no pais. 

“A presidenta Dilma assumiu o compromisso de assentar 120 mil famílias até o final de seu mandato, até o momento foram assentadas 12 mil. Eu acho que temos que correr para cumprir o compromisso que nós assumimos em praça pública com os trabalhadores do campo”, disse Lula.