Mostramos a sociedade que é possível criarmos um novo jeito de produzir no país, afirma Sem Terra
Por Maura Silva
Da Página do MST
Chega ao fim neste domingo (25) a 1° Feira Nacional da Reforma Agrária. Foram quatro dias em que 800 feirantes acampados e assentados de 23 estados, mais o Distrito Federal, se reuniram para mostrar e comercializar os produtos vindos das áreas de assentamentos da Reforma Agrária.
Ao todo, foram vendidas 220 toneladas de produtos espalhados em 800 itens de 80 cooperativas e associações. Cerca de 150 mil pessoas passaram durante os quatro dias de evento, segundo a direção do Parque da Água Branca. Apenas no sábado (24), foram 70 mil pessoas, o segundo maior público da história do Parque. A praça de alimentação contou com 15 cozinhas de todas as regiões do Brasil, onde foram servidas 10 mil refeições.
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Para Adalberto Oliveira, do setor de produção e comercialização do MST, a Feira demostrou todo o poder de produção da agricultura camponesa, que hoje é responsável por alimentar 70% da população brasileira.
“Estar em São Paulo apresentando nossos produtos, a maior economia do país, representa muito. Mostramos a sociedade que é possível criarmos um novo jeito de se produzir. Conseguimos dialogar com a sociedade e mostramos que falar é fazer, e o fazer Sem Terra dá resultados. Esse resultado é a produção de alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos e acessíveis para toda população brasileira”, afirmou.
Para ele, a Feira ainda possibilitou quebrar um estigma criado corriqueiramente pelos grandes meios de comunicação sobre a luta dos Sem Terra.
“Na maioria das vezes a grande mídia estigmatiza a luta dos Sem Terra desmoralizando os trabalhadores, como se fossem pessoas más. Mas aqui mostramos exatamente o contrário, que as famílias do MST têm um compromisso com a sociedade: o compromisso da produção de alimentos saudáveis”.
O aposentado Valdir Antunes, que circulou por esses dias na Feira, também concordou com Oliveira.
“Vir aqui foi muito importante, eu pude comprovar de perto que o MST vai além das ocupações de terra. Saber que uma terra vai ser ocupada e vai servir de solo para o alimento que vou colocar em minha mesa, me faz respeitar a luta do Movimento”, acredita.
Ao ter acesso a produtos de qualidade, a estudante Gabriella Sovagllione destacou sobre o direito negado à população nas gôndolas dos supermercados, e a possibilidade de dar voz às lutas inviabilizadas a sociedade.
“A realização da Feira aqui em São Paulo, cidade que eu moro, mas que tem tampado os ouvidos para as lutas sociais, significa muito. Sei o quanto é difícil trazer as pautas das lutas para o cotidiano da população paulista. Esse foi um papel que, na minha opinião, foi cumprido pelo Movimento”.
Ao final, após agradecer a todos que passaram pela feira e aos que contribuíram na sua construção, João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, fez uma ressalva que merece destaque: “Aguardem e podem ter certeza, que no ano que vem estaremos aqui novamente com a 2° Feira Nacional da Reforma Agrária”.