Latifundiário realiza despejo por conta própria e destrói barracos e plantações

Cerca de 230 famílias foram despejadas violentamente da Fazenda Pedra Redonda, no extremo sul da Bahia

 

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Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Na última quinta-feira (22), cerca de 230 famílias Sem Terra sofreram um despejo violento no Acampamento Bruna Araújo, em Jucuruçu, no extremo sul da Bahia.

O acampamento estava localizado na Fazenda Pedra Redonda, de 1.300 hectares e considerada improdutiva. O proprietário da área, Ivan Santana, junto com o oficial de justiça do município, autorizou seus funcionários a destruírem todos os barracos, pertences e a produção das famílias acampadas. 

Segundo os Sem Terra, antes da ação, os trabalhadores rurais tinham realizado um acordo com o proprietário e a Polícia Militar (PM), frente a ordem judicial de despejo, que as famílias sairiam do local sob a garantia de que seus pertences, barracos e lavouras não fossem destruídos, já que os Sem Terra ainda não tinham para aonde ir. 

Porém, o acordo foi rompido e um trator invadiu o acampamento. 

Os Sem Terra caracterizaram o ato como “desumano” e “agressivo” e denunciaram os métodos de criminalização das lutas populares.

“Eles humilham e coagem as famílias. Criam fatos apoiados pelos grandes meios de comunicação criminalizando a luta dos movimentos sociais e manipulando a opinião pública com verdades infundadas e acusações mentirosas”, afirma a coordenação do MST na Bahia.

No momento, as famílias encontram-se acampadas próximo à fazenda. Os trabalhadores impediram a destruição de seus bens, e em seguida saíram do acampamento cumprindo a ordem judicial.

 

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As famílias já produziam na área e comercializam nas feiras locais.

Conquistas

O Acampamento Bruna Araújo é fruto da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Reforma Agrária, realizado no mês de abril deste ano, para dialogar com a sociedade sobre a concentração de terra e os altos índices de violência no campo. 

Na ocasião, os Sem Terra denunciaram o abandono total da fazenda.

Dentro de seis meses, as famílias construíram barracos, ruas no acampamento, estradas, garantiram água potável e uma diversidade de produtos, como milho, feijão, mandioca, verduras e temperos. 

A produção era fornecida às feiras semanalmente em Jucuruçu e povoados vizinhos. 

Além disso, as famílias já estavam organizando, com recursos próprios, a instalação de uma rede elétrica e a construção de uma escola para atender as crianças da educação infantil e fundamental 1.

Despejos na Bahia

Ação similar a essa ocorreu no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina, no dia 7 de outubro, onde uma retroescavadeira e um trator destruíram todos os pertences e produtos agrícolas das famílias, antes mesmo da PM apresentar a liminar de despejo.

De acordo com a direção do Movimento na região, “existe um método desumano adotado pela justiça, construído junto com os fazendeiros, que desrespeitando o processo de diálogo, chegam nos acampamentos antes mesmo da PM acompanhados de retroescavadeiras para intimidar, provocar e humilhar as famílias acampadas”.

Em resposta a esta agressão, que deslegitima e infringi a construção das políticas em torno dos direitos humanos no Brasil, as famílias reocuparam o latifúndio nesta quarta-feira (28), após cumprir o prazo legal estabelecido pelo mandato judicial.