Juventude Sem Terra se compromete com a produção de alimentos saudáveis

Carta que traz compromissos assumidos por jovens do MST foi elaborada no Acampamento Estadual da Juventude Sem Terra, no RS

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Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Fotos: Levante Popular da Juventude/MST-RS

Jovens Sem Terra do Rio Grande do Sul assumiram compromissos no Acampamento Estadual da Juventude Sem Terra, realizado de 29 de outubro a 1º de novembro, no Assentamento Novo Sarandi, em Sarandi, na região Norte do estado.

Os acampados e filhos de assentados se comprometeram a lutar contra o capital e o agronegócio, alegando que ambos somente têm interesses na exploração dos trabalhadores e no lucro.

“O agronegócio não produz alimento, ele produz desigualdades, e tem como objetivo produção de mercadoria, visa uma agricultura sem a necessidade do agricultor e agricultora, expulsando a juventude do campo”, diz trecho da carta.

Além disso, a juventude também reafirma a continuidade da luta pela terra, a Reforma Agrária Popular e a produção de alimentos saudáveis. Segundo ela, “a reforma agrária proporciona a produção de alimentos de qualidade, devolvendo à população o direito de se alimentar e cumprindo assim a função social da terra, que é produzir alimento”.

O Acampamento Estadual da Juventude reuniu centenas de jovens do RS e representações de Santa Catarina, Paraná e outros países. O evento contou com oficinas, atividades culturais, maratona, jornada internacionalista e várias mesas de debates.

Confira abaixo a íntegra da carta:

CARTA DA JUVENTUDE SEM TERRA

“Somos filhos e filhas de uma história de luta”

Nós, juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais SEM TERRA, estivemos reunidos de 29 de outubro a 01 de novembro de 2015, no Acampamento Estadual da Juventude Sem Terra; contamos com a participação de mais de seiscentos jovens de diversas organizações sociais do campo e da cidade, também contamos com a presença de 23 organizações sociais de 12 países. Junto ao acampamento aconteceu a comemoração dos trinta anos de ocupação da Fazenda Annoni, essa ocupação é um marco da luta pela terra no Brasil.

 

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Como filhos e filhas de uma história de luta, afirmamos que:

Só a luta do povo organizado em movimento fará as mudanças;

Afirmamos que são necessárias mudanças estruturais na sociedade brasileira, no seu modo de produção e sua matriz tecnológica, no modo de organização e participação do povo nas decisões;

O agronegócio não produz alimento, ele produz desigualdades, e tem como objetivo produção de mercadoria; visa uma agricultura sem a necessidade do agricultor e agricultora, expulsando a juventude do campo;

A reforma agrária é o caminho. Ela proporciona a produção de alimentos de qualidade devolvendo a população o direito de se alimentar e cumprindo assim a função social da terra que é produzir alimento.

Compromissos

Lutar contra o capital e o agronegócio, por esses ter só interesse na exploração dos trabalhadores, e no lucro;

Continuar a luta pela terra e pela reforma agrária popular e a produção de alimentos de qualidade e livre de agrotóxicos para toda a sociedade;

Cultivar os valores e princípios humanistas e Socialistas, pois esses são norteadores da construção na pratica de nossos objetivos no dia a dia;

Apropriar-se das técnicas da Agitação e propaganda como ferramenta de luta.
Fazer a luta internacionalista com o objetivo de somar forças no combate ao imperialismo;

Lutar por uma Educação de qualidade para todos e todas, que permitam a emancipação humana;

Fortalecer a unidade e articulação entre os movimentos do campo e da cidade.

Lutar contra todas as formas de injustiça cometida aos seres humanos;

Organizar a juventude nas nossas bases sociais, fortalecendo os grupos coletivos;

Denunciar toda a forma de opressão cometida, contra os trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade;

Lutar contra todas as formas de preconceito; homofobia, machismo, racismo….

Denunciar a mídia burguesa, e todos os tipos de meios de comunicação ditatoriais, que nos padronizam, nos enganam, mentem e nos alienam perante a sociedade;

Acreditamos no poder e força da juventude na continuidade da luta por uma sociedade mais justa e igualitária;

Seguimos animados na luta, enquanto houver injustiças cometidas contra os seres humanos, estaremos lutando.

Somos lutadores e lutadoras, construtores e construtoras da nova sociedade

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular
Sarandi, RS, 01 de novembro de 2015