Alunos ocupam a UFRB em protesto contra a retirada de direitos estudantis

Em carta, os alunos apontam os limites institucionais construídos pela universidade que burocratiza o acesso da classe trabalhadora ao ensino superior.

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Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Estudantes de licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), ligados ao MST e a Pastoral da Juventude Rural, ocupam desde o último domingo (08) a frente do Centro de Formação de Professores (CFP).

 

Entre as reivindicações dos estudantes estão o acesso à alimentação e residência, além de uma bolsa que garanta a permanência dos estudantes no curso. 

Em carta, os alunos apontam os limites institucionais construídos pela universidade que burocratiza o acesso da classe trabalhadora ao ensino superior. 

“Nós trazemos como imediato o cumprimento destes pontos, pois, sem estes, não há viabilidade real em mantermos a ideia de que a Educação do Campo ‘ganhou espaço na UFRB’, e assim, deixaremos de lutar pelo que, de fato, nos foi negado historicamente”, enfatizam os estudantes.

A pauta de reivindicação foi entregue em março deste ano, porém não obteve nenhuma resposta da instituição. Com isso, os estudantes reivindicam um retorno imediata do atual reitor, o professor Silvio Soglia.

Abaixo a íntegra da Carta do Movimento de Ocupação DACAMPO

A licenciatura plena em Educação do Campo – área do conhecimento: Ciências Agrárias, curso aprovado pelo PROCAMPO e lotado no Centro de Formação de Professores – CFP (centro de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB), assim como outros cursos da mesma natureza, passa por dificuldades estruturais que são frutos das contradições que a Universidade carrega em relação do Campesinato.

Motivados pelo não cumprimento mínimo dos acordos feitos em março com a gestão dessa Universidade (residência e alimentação), em prol do cumprimento denossa pauta e à fim de tornar pública nossas reivindicações, desde Domingo (08) discentes das duas turmas do LEdoC – Ciências Agrárias estão em movimento de ocupação, por tempo indeterminado, do Centro de Formação de Professores – CFP.

No início de 2015, as turmas que integram o Diretório Acadêmico de Ciências Agrárias do PROCAMPO (DACAMPO), acirraram as cobranças pelos direitos fundamentais a todos os estudantes, entregando uma pauta ao então reitor, professor Paulo Gabriel, que tinha como vice-reitor o professor Silvio Soglia, atual reitor dessa Universidade. A pauta tem como foco central, a cobrança pelos direitos já conquistados em lei, porém, não materializados para a estudantada do curso. Trata-se, principalmente, de:

1. Residencia para o PROCAMPO, que atenda às especificidades do curso;

2. Restaurante Universitário para a alimentação durante o tempo universidade;

3. Bolsa Permanência para todas e todos xs estudantes que estão dentro dos critérios socioeconômicos (preferencialmente, a adaptação do curso à portaria 389 do MEC);

4. Acesso à informação (disponibilização de computadores para a formação integral, entendendo o Tempo Comunidade como parte do processo formativo);

5. Elaboração da Política de Ensino, Pesquisa e Extensão para atender à Educação do Campo, desde os regimentos básicos da Universidade à elaboração dos editais de pesquisa e extensão. A universidade precisa inclui a Educação do Campo como um curso regular, pois, ela já o é. 

A pauta completa está na posse da diretoria do DACAMPO, mas nós trazemos como imediato o cumprimento destes pontos, pois, sem estes, não há viabilidade real em mantermos a ideia de que a Educação do Campo “ganhou espaço na UFRB”, e assim, deixaremos de lutar pelo que, de fato, nos foi negado historicamente.

É por isso que o DACAMPO, em reunião com estudantes da diretoria e da base, decidiu declarar plena mobilização para o cumprimento da nossa pauta e imediata instalação de uma comissão paritária, instituída pelo presidente do CONSUNI e CONAC desta Universidade, para iniciar o processo de construção do 5º ponto da nossa pauta. 

Como já havíamos declarado, e acordado, em audiência com a gestão, discentes e docentes, que não permaneceríamos na pousada contratada visto os maus tratos sofridos, a diferenciação entre hospedes “pagantes” e os hóspedes da Educação do Campo (PAGANTES, com recursos públicos) que segundo funcionário da mesma, estariam recebendo um “favor” da pousada em hospedá-los; o café da manhã diferenciado – horário, itens e qualidade – entre esses dois &”39;tipos&”39; de hóspedes; não cumprimento de itens contratados como área para estudo, internet que atenda ao público – velocidade e horário de utilização, superlotação de quartos entre outros motivos que nos levou a não aceitar que o recurso público destinado à hospedagem dos estudantes da educação do campo continuasse sendo utilizado em tal pousada e que fosse destinado ao aluguel de residência específica.

Portanto, estamos residindo no pátio do CFP, para que nós pudéssemos viabilizar o retorno às aulas. Também, declaramos que nos recusaríamos a continuar comendo a alimentação fornecida pois, a mesma sempre apresentou falta de cuidados sanitários os quais eram negados por parte dos funcionários e simplesmente esquecidas as reclamações dos discentes, sendo constante encontrarmos cabelo, barata, lagarta – e outros insetos, e, até curativo.

Assim, como o recurso da pousada, não concordamos em continuar sendo gasto com tal contratada e que fosse destinado ao R.U. para o CFP, que contemplasse todos os estudantes do centro, ou de imediato, que fosse destinado aos próprios discentes do PROCAMPO para nossa autonomia e gestão da alimentação.

Diante disso, ocupamos a copa do CFP, garantindo que o espaço contemple à categoria estudantil em geral (pois era de uso restrito aos Professores, Técnicos e Servidores), para viabilizar a produção de nossas refeições (com alimentos trazidos pelos próprios estudantes, doados por movimentos sociais, associações, entidades e demais apoios recebidos) até que nossa cozinha no acampamento seja providenciada.

Convidamos nossos pares que se sensibilizam/apoiam nossas reivindicações que juntem-se ao movimento de ocupação, seja permanecendo acampado; confraternizando as refeições; contribuindo com doação pessoal e/ou material, Diretório Acadêmico da Licenciatura Plena em Educação Do Campo – Área do Conhecimento: Ciências Agrárias (DACAMPO) comungando de resistência e união.

Também, estendemos o convite aos demais cursos dessa Universidade, que reconheçam e simpatizem com a luta da categoria estudantil da Educação do Campo da UFRB.